segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tá. Vou me gabar mesmo.

Uma vez disse para uma ex-namorada que eram nas esquinas da vida que se escondiam os maiores prazeres. Ele me olhou meio descrente.

~~

Acabei de voltar do XXVI encontro anual de etologia, no qual participei apresentando oralmente uns dados meus.

Depois da minha apresentação desci do púlpito meio desanimado com umas falhas no power point e com as minhas eventuais piadinhas sem graça para a porrada (para minha felicidade e nervosismo tinha muita, muita gente) de pessoas presentes no auditório.

Eu sai de lá antes de anunciarem os premiados do evento e depois de conversar com as pessoas que se interessaram pelo meu trabalho, e fui, meio desanimado pelas razões já explicadas, comer "petit gateau" com sorvete de café com umas amigas (sim, continuo heterosexual apesar disso).

Alguns minutos depois chegou no café o animado pessoal do laboratório da USP do qual faço parte me comunicando, para minha grande surpresa, que eu fui eleito e premiado como a melhor apresentação oral do encontro!

Caceta! Fiquei emocionado de verdade!

Sorte a Mariana ter estado lá pra receber o prêmio pelo tonto aqui! (Valeu, Mari!).

Eu só tenho a agradecer a todos esses filhotes de avestruz.

domingo, 9 de novembro de 2008

Dormi com a velha!

OK. O amor é uma cabeça de gafanhoto que eventualmente é devorada por um macaco selvagem no meio de um calor infernal (vide post anterior).

O meio inóspito do cerrado do interior do Piauí está me ensinando muitas coisas.

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Ontem/hoje vim para Brasília e hoje à noite estarei em SP para um congresso e para umas aulas.
No ônibus para cá (Brasília) uma velhinha dormiu do meu lado e se encostou em mim como se eu fosse o neto dela. Lá pelo meio da madrugada ela pegou um lençol e me cobriu. Realmente fofo e meigo.

Quando amanheceu ela falava comigo como se eu fosse alguém da família mesmo...

-Você acha que eu devo ligar para as meninas? É melhor, né?
-Ãhn... bem... eu não sei... que meninas? - Perguntei meio perdido.
-É. É sim, é melhor. Eu vou aproveitar que o ônibus parou e vou ligar.

Minha cara se contorceu em um ponto de interrogação por dois segundos e depois relaxei, fingindo de novo como fingi na noite anterior quando a senhorinha me cobriu.

Imaginando que ela é a vó esclerosada que eu não tenho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

News diretamente do meio do mundo.

Aaaai... tive cólica renal... sozinho no meio do cerrado... mas acabei me virando... Vim para a cidade em busca de um médico e amanhã volto pra meio do mato.

Sexta volto pra SP pra ter aulas e para uma apresentação em um congresso.

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Apesar de tudo, a cena mais marcante dessa minha viagem até aqui foi quando o Júnior (o meu guia/mateiro de 20 anos, muito humilde e bem esperto) me recitava um poema de amor que ele fez para uma menina enquanto o Tucum (Macaco juvenil selvagem de um grupo que eu estudo) comia sem dó a cabeça de um enorme gafanhoto.

O macaco nos olhava com certa indiferença enquanto derretíamos no calor absurdamente escaldante do interior do Piauí.

sábado, 27 de setembro de 2008

Último post antes de ir embora. Volto um dia.

Hoje de noite eu estava escutando Blues Traveler (pra variar) no metrô, voltando pra casa.

Enquanto o John Popper cantava de maneira mais acelerada e apaixonada a cada segundo (o final da música "Stand"), eu comecei a correr depois que desci do metrô...

Atravessei como um maluco a catraca...

"The answers are getting harder..."

Corri a estação... as pessoas olhavam meio indiferentes.

"The answers are getting harder and harder..."

Subi as escadas para a rua...

"Stand..."

Saí correndo a toda pelo meio da rua...

"Stand and walk..."

Corri até todos os meus alvéolos gritarem por mais ar...

"Stand".

~~

Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
Happiness only real when shared.
...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ordinário

Toda vez que entro em uma loja de roupa a mocinha fala que eu sou médio.

-Ah! Você é médio.

Creio que isso se refere a minha camisa. Porém não páro de pensar que eu sou médio.

Se ao menos eu fosse grande, levemente extraordinário, um pouquinho sensacional, semi especial... Médio é tão medíocre.

Eu queria entrar na loja de roupas e ouvir a mocinha falar:

-Nossa! Você é fantástico.

Mas eu sou médio.

Nós, que não fugimos da curva, temos que lidar com isso de uma maneira particularmente especial.

domingo, 21 de setembro de 2008

Eita, domingo!

Sábado eu vou para o interiorzão do Piauí. Pro meio do sertão. Toda minha vida vai mudar, mas eu já estou mais ou menos acostumado.

Por enquanto eu serei o único pesquisador por lá interagindo com os nativos e com os macacos. O que é fascinante. Olhar pessoas diferentes é interessante.

Bom, em novembro volto pra SP por 3 semanas, aí volto pro Piauí e não faço idéia do que vai acontecer no Natal e Reveillon. Espero inventar uma daquelas coisas que eu vou lembrar quando for velho.

Eu só escrevi isso aí porque estou entediado.

~~

Em inglês, pipa (ou papagaio, dependendo da região do Brasil onde você mora, aquele negócio que voa contra o vento) parece ser bem legal. Parece ser até o presente momento, pelo menos.

É só uma questão de substituir uma letra.

Ah, esse post está imcompreensível.

Eu vou ficar ali jogando uma bolinha de tênis na parede. Vendo se não passa uma pipa por aí.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ai que bicho bravo e fofo!

Tá bom. Os macacos-prego não são as criaturas mais lindas do mundo. Ao contrário do que pessoas que os estudam acham, eu não acho. E os estudo.

A fofura deles não está no que eles parecem ser, seres beges, amarelados, marrons ou pretos, ou tudo isso em um só, e sim no que eles fazem.

Muita gente os acha tão espertos que os chamam de “os chimpanzés do novo mundo”.

Eu fico P e digo: “Eles não são chimpanzés do novo mundo. Eu estudo macacos-prego!”.

Vou me tornar um velho cientista rabugento. Tenho quase certeza.

~~

Ontem saí pelas ruas feliz da vida pra fazer coisas chatas, como ir ao banco e tomar a vacina antitetânica.
No posto de saúde eu expliquei a minha situação e a senhora que ficava lá dentro da salinha das vacinas perguntou pra onde eu ia e o que eu fazia, etc...

-Eu sou primatólogo, vou pro meio do mato no Piauí correr atrás de macacos selvagens.

-Nossa, moço! Que bicho bravo que você estuda!!

Imagina só se eu ficasse na cidade estudando etologia humana.

Que bicho bravo!

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Foto bisonha do dia:



Corra, Katie, corra!

Isso me lembra um filme.

Mas era muito mais interessante do que a realidade da foto.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Upa!

Estava tão frio que não sentia mais o meu nariz, mas no ônibus ficou mais quente e senti cheiro de salgadinho que a criancinha estava comendo, eu parei de comer muito sal, acho que é porque tive cáculo renal, cálculo renal não é aula de anatômia e matemática juntos, é uma dor bem dolorida, minha ex-namorada cuidou de mim, foi bom, não, não foi não, doeu muito, a criança começou a chorar e eu queria ter um filho mas agora eu não quero, estou ficando surdo, não uso mais Ipod porque meu ouvido dói, então vou ler esse livro aqui, macacas primeiro depois margarina, vou ao supermercado comprar banana e mel, eu gosto de banana e mel com aveia, o queijo está muito caro, então porque vivo comprando queijo minas, acho que não vivo sem derivados do leite, ou sem leite,

Upa, calçada, rua, calçada, escada, escada, roleta, metrô,

Semana que vem vou pro Piauí, Tylenol, band-aid, mochila, gelo-gel, buscopan, a moça tem uma faixa bonita na cabeça, eu tenho um gorro muito legal, fica lindo com a minha camisa xadrez, faz muito tempo que não jogo damas, esses jogos me deixam nervosos, como jogo de cartas, preciso escrever uma carta pra minha mãe, minha orientadora tem que assinar pra eu levar pra FAPESP e eu ir embora, minha cadela me faz sentir mais saudades, conheci muitas primas legais que eu não conhecia, incrível, no Piauí todos os cachorros se chamam Chico, muito legal, se eu não fosse biólogo seria antropólogo, ou historiador, mas sou biólogo e gosto de macacos, o ser humano é um primata e eu sempre quis ser o Indiana Jones, nunca o Rambo, o Indiana Jones.



domingo, 14 de setembro de 2008

Cego é a vovozinha! Mas se for hereditário, estamos fodid*s

Olha, eu sei que sempre fico empolgado com filmes que eu acho legais. Mas esse ano troxe duas maravilhas absolutas. Uma é o "Na natureza selvagem" (Into the wild), filme do qual eu vivo falando, a outra eu acabei de assistir. "Ensaio sobre a cegueira" (Blindness).


Eu sou fã do Saramago desde sempre, e livro é livro... Mas o filme também está extraordinário, da fotografia (que é demais!) ao roteiro... achei tudo sensacional. É uma obra prima.

~~

No meio do filme meu celular caiu do meu bolso para o chão. Nem me movi, certamente não encontraria o dito.

No fim do filme, com os olhos embaçados de lágrimas, me ajoelhei e comecei a tatear debaixo das cadeiras, por entre chicletes e pipocas, e nada de encontrar o aparelho.

Duas moças que riam sem parar (de empolgação por terem visto um filme tão bom, creio eu) começaram a achar minha postura meio excêntrica, e sem ter como me explicar pela dificuldade em achar o celular só me restou dizer:

-Ensaio sobre a cegueira, né?

~~

A barriga do cara que sentou do meu lado não parava de fazer barulhos altíssimos. Rezei pra ele não deixar escapar gases.

Ele falava altíssimo também.

Acho que pra disfarçar o som da barriga. Tinha uma moça do lado dele, e pela conversa era a primeira vez que saíam a sós.

De ódio passei a sentir pena do pobre.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ai, meu cerebelo machucou.

Estamos aqui cheios de certeza (Opa! Falei agora como o Pelé, me referindo a mim de um jeito esquizofrênico).

Mas temos que dar à certeza o benefício da dúvida. Eu posso ser burro, e talvez por isso considere essa atitude um sinal de inteligência.

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-Iiiiih! Óia manhêêê! A minina bunitaaa!

Disse o menininho na frente da banca de revistas depois de olhar para a capa da Playboy desse mês.

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-Luizinho, deixa pra lá! JOGA PRO COSMOS!

Já joguei, Fay. Já joguei! Obrigado! :o)

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E pra finalizar:

-Luizinho, PRIMEIRO AS MACACAS, DEPOIS A MARGARINA!

Fê, filosofias confundem meu cerebelo. Mas você está certíssima.


Posicionamento do meu, e do teu, cerebelo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ai ai! Aquele avião de 2002 que me deixou no chão!

Hoje vi uma amiga que não via há uns 7 anos. Antes disso nem a conhecia.

Tá bom, você que está lendo não precisa entender.

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Quando a vida mandar você fazer loucuras eu sugiro que faça. Só tente verificar se é a tua vida mesmo quem está mandando.

Isso porque o tempo passa, e não existe momento certo ou errado, as coisas só acontecem e pronto. Se você não pega um avião quando tem que pegar, as coisas continuam se movendo, se arrastando e você não chega mais ali, porque elas se mudaram pra outro lugar.

Eu evitei fazer loucuras por muito tempo e com isso me suicidei por milhares de vezes. Agora sinto nostalgia pelas coisas que nunca foram e poderiam ter sido se eu fosse um pouco mais fora do contexto.

Cada saudade das coisas que nunca existiram fizeram cicatrizes no meu coração, que nunca vão sarar, só vão deixar de doer e vão ficar ali gritando: "Não faça isso de novo" ou "não deixe de fazer isso de novo"! As pessoas e oportunidades ficam passando pela tua frente o tempo todo. Você é quem escolhe.

Pelo menos só precisei ressuscitar uma vez. Até agora. E não pretendo morrer de novo.

Mas sabe como é... Essas coisas são meio imprevisíveis.

~~

Fiquei muito feliz, Fê!! E vê se me convida pra ir no teu laboratório de novo pra ficar no meio daquela "manada" de mulheres bonitas!! :o)

P.S.: É... e você não tem voz de minhoca mesmo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Talvez depois de eu nascer de novo, ou antes... é possível.

Hoje eu assisti "Sicko", o último filme do Michael Moore. Achei bom.

Tá, tá... ele é sensacionalista etc e tal... mas não deixa de apontar coisas interessantes.

Pra variar os filmes do Michael Moore sempre nos ensinam como governar um povo: Deixe-os com medo ou humilhados. Então eles não enchem o saco.

Levar americanos pra serem tratados pela assistência médica de Cuba foi uma avacalhação com o sistema de saúde americano.

Eu achei ótimo.

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No Rio me levaram sem eu saber pra algo chamado "contato e improvisação".

Tomei um susto quando cheguei lá e vi que as pessoas simplesmente entravam em um quarto, pegavam instrumentos e começavam a fazer qualquer barulho e a se mover e a tocararem uns nos outros.

Foi bem interessante. Você só precisa tomar cuidado pra velhos tarados não passarem a mão na tua bunda.

Vejam bem, eu achei demais. Mas minha natureza não permitiu que eu interagisse muito.

Talvez depois de um pouco de vinho. Talvez depois de uma lavagem cerebral. Quem sabe nessa vida mesmo.

Eu achei legal mesmo. Minha postura defensiva faz com que eu tire sarro das coisas. Tipo o governo americano frente à assistência médica universal.


domingo, 7 de setembro de 2008

Taca a moeda lá por via das dúvidas

Estou no Rio desde sexta feira. Vim ficar na casa da Fay, uma grande amiga que eu não via há séculos.

Ontem fui passear no Jardim Botânico. Muito bonito. Vale a pena dar uma olhada. Orquidário, bromeliário, cactário... Tudo muito legal e curioso, além do parque em si, que é muito gostoso.

Depois fui no parque Lage. Também bacana, mata atlântica, crianças, casais, famílias. Passeios contemplativos.

No fim da manhã me encontrei com a Fay pra ficar falando da vida em um pier perto da casa dela na Lagoa e depois vimos um filme ("Tudo acontece em Elizabethtown" - Bem legalzinho).

Esses passeios me fizeram tirar uma conclusão muito importante sobre o comportamento humano.

As pessoas não podem ver uma aguinha que já arremessam uma moeda com um pedido pra ficarem arquimilionárias.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Partindo para a ciência em prol da humanidade

Hoje resolvi fazer uma experiência antropológica em benefício de todos os homens.

Baseado no fato de que 83% das mulheres com quem falei disseram que é totalmente perceptível quando um homem sai de calça de moleton sem cueca, eu fui almoçar em um restaurante hoje com estes trajes.

O restaurante era por quilo e logo de cara três velhinhas japonesas conversavam animadas. Claro que puxei conversa com elas. Ouvi muitas risadinhas, mas como isso já estava acontecendo antes da minha aproximação, não cheguei a nenhum resultado conclusivo.

-Hmmm, tem firé de frango! Hehehehe!

-Oba! Couve-frô! Hehehehehe!

-As senhoras são muito simpáticas! Vêm sempre aqui?

-Hehehehe!

Depois disso me aproximei da minha mesa e dois rapazes conversavam alegremente em uma mesa próxima.

-Olá. Os rapazes teriam horas?

-Hmmm... meio dia e viiiiintche.

-Obrigado, senhores. E bom apetite.

Tomei precauções para o alvo chave do experimento estar perceptível e ao alcance dos olhos dos participantes.

Mãos moles e risadas com pescoços tombados para trás me fizeram chegar a mesma conclusão das velhinhas japas citadas anteriormente.

Depois disso fui ao supermercado. Primeiramente conversei com três adolescentes que não paravam de rir.

-Com licença, senhoritas...

-Hahahaha... hihihihi...hehehehe...

Depois bati um papo com a caixa que me atendeu. Essa foi super profissional.

-Nota... ...paulista?

Enfim, ainda dei umas voltas por aí. A metodologia não me pareceu boa o suficiente.

Amanhã pretendo testar a aceitação do uso de meias xadrez e bermudas.

Espero ter mais resultados conclusivos dessa vez.

sábado, 30 de agosto de 2008

Nem tudo o que reluz é sensacional

-Senhor! Gostaria de responder uma pergunta? Se o senhor acertar vai receber um prêmio SEN-SA-CI-O-NAL!!! Sensacional!

-Poxa! Que prêmio??

-Um prêmio sensacional!

-Ai que legal!

-Qual é... atenção, hein? Qual é... ...a capital da Nova Zelândia????

-Wellington! Cadê o meu prêmio sensacional??

-Você acaba de ganhar dois ingressos para assistir o show do Lulu Santooooos!

-...

-...do LULU SANTOOOOOOS!

-Eu posso doar o meu prêmio sensacional pra aquele menino ali? De gorro colorido e óculos espelhados?

Isso aconteceu há alguns anos. Mas lembrei do ocorrido hoje, quando fui almoçar em um lugar aonde havia um homem espancando um piano.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Modéstia a parte

Hoje eu vinha voltando pra casa, as 22h, pelas ruas de SP.

Um sujeito passa com seu enorme golden retriever, que prontamente pula em mim e me lambe.

Acho que sou muito gostoso.

domingo, 24 de agosto de 2008

Um pouco de álcool beneditino é o suficiente

Fiquei na casa do Pig esse fim de semana. (Pig=um dos meus melhores amigos, se não o melhor, de eras atrás... E não, Pig não significa porco nesse caso, mas isso é uma outra história).

Olha, eu escutei muita coisa engraçada envolvendo queijadinhas, morte de cônjuges, licores espirituosos dos monges Beneditinos (que eu trouxe de Portugal para eles), saques perdidos em redes de vôlei, bêbados lusitanos cantantes ("és um menino... lálálá...") e por aí vai. Foi um fim de semana muito bom, apesar do pouco tempo, só não vou contar detalhes por causa dos direitos autorais.

Eu gosto muito desse pessoal.

Na noite de sábado nos sentimos todos mais purificados e abençoados.

Foi como se os monges estivessem esfregando nossas almas com álcool.




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Na minha ida para Santos (ontem), uma menina que estava sentada na minha frente começou a tossir e assim ficou a viagem toda.

Hoje, na volta, sento no meu lugar no ônibus e cinco minutos depois a mesma menina senta do meu lado, com a mesma blusa decotada preta e os mesmos seios espremidos lá dentro (embora não muito lá dentro).

-Cof, cof, COOOOF... - Começou a sessão de tosse.

Um minuto depois ela veste um casacão e eu fico mais aliviado pelo fim do frio da garota e por causa dos meus ouvidos cansados de ouvirem uma garganta que deveria estar igualmente cansada.

Para minha surpresa a tosse não parou até eu pegar o meu casaco e cobrir a pobre coitada que me olhou com uma cara bastante desconfiada.

Procurei sorrir o sorriso menos malicioso possível pra não dar margem pra interpretações diferentes daquelas que eu tinha em mente.

A menina dormiu com a cabeça encostada na janela. E respirou sem tossir.

Acho que foi a minha alma alvejada por monges portugueses na noite anterior que me fez fazer isso.

sábado, 23 de agosto de 2008

Perna de pau sou eu jogando de centroavante...

-Oi! Será que eu posso fazer uma pesquisa com você?

-Depende. Você vai me colocar em uma gaiola e me dar choque?

-Não... É uma pesquisa da Microlins...

-E a Microlins vai me botar em uma gaiola e me dar choque?

-Não... é só um questionário...

-Então pode.

O cara fez a pesquisa dele, com aquelas perguntas sobre escolaridade e sobre o que eu achava de um curso profissionalizante, e depois me perguntou...

-Posso te fazer uma pergunta? Eu tenho 27 anos e queria fazer letras.. o que você acha?

-Qual o teu objetivo de vida?

Ele me respondeu sobre o que achava do conhecimento, sobre as coisas que ele gostava, enfim, sobre quem ele quer ser.

-Eu acho que você tem que fazer o que você ama. E se você ama o que você quer fazer eu te dou até carona pra tua faculdade quando você passar.

É claro que por enquanto eu só posso levar ele até o metrô.

Não sou idiota o suficiente para comprar um carro em São Paulo.



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-Ai! Êêêê como eu sou perna de pau!! - Me disse a velhinha sentada na mesa próxima da qual eu estava almoçando depois de esbarrar nas cadeiras para se levantar.

-A senhora parece que está se saindo muito bem até agora! - Disse eu depois de tirar uma cadeira do caminho dela.

-Eu ando com a minha perna de pau aqui! Mas fazer o que, né? Preciso! - E me mostrou a muleta dela.

-Eu quase derrubei aquela senhora ali com minhas pernas de carne e osso. - Expliquei como tinha chegado até à mesa que ficava no fundo de um lugar lotado de pessoas almoçando, apontando pra uma senhora gorda e mal encarada.

-Muito obrigada e bom apetite! - Disse a senhorinha depois de me presentear com um sorriso muito, muito doce e antes de sair habilidosamente por entre as cadeiras e mesas, com sua perna de pau.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Amor paquiderme

Ô caceta...

Estou pra ir pro Piauí desde o começo de agosto e agora talvez só vá no fim de setembro...
Não que eu tenha ficado triste com a FAPESP (tenho que esperar pra assinar papéis), muito pelo contrário... Mas eu quero ir logo fazer o que eu tenho que fazer.

Em novembro já vou ter que vir de novo pra SP pra fazer uma disciplina de 3 semanas. No fim, vou acabar vindo o tempo todo pra SP.

Os macacos sentem saudades.

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Ontem fui ver Batman, o cavaleiro das trevas.
O filme deveria se chamar Coringa, o palhaço das trevas.

O Heath Ledger roubou a cena, o cara está muito perverso como coringa. Muito legal mesmo.
Dizem as lendas dos fofoqueiros de plantão que o cara ficou tão deprimido com a incorporação no papel que se afundou nas drogas e morreu de overdose.


Gostei. E olha que nem é um filme do Afeganistão ou do Irã. Estou me rendendo novamente aos Blockbusters que não têm a mínima sutileza.

Os paquidermes cinematográficos de Hollywood me reconquistaram.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bravo que nem um sabiá

Os sabiás são bichos bravos.

Outro dia estava indo almoçar e passei por baixo de uma árvore com um ninho. Alguém deixa mamão partido para os bichos perto desse lugar.
Vejam bem, eu não sou exatamente um homem pequeno, um sabiá grande não deve ser maior que minha mão, e mesmo assim os bichos me botam pra correr se eu chego perto de um ninho. Quase perdi minha cabeça por causa de um ataque/vôo rasante de sabiás.

E minha cabeça não parece um mamão.

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êêêêê! Se o doutorado é apenas uma esperança, a bolsa da FAPESP já não é mais! Já pulei tanto que espero não ter um ataque do coração.

Um ataque do coração faria com que eu não aproveitasse a bolsa.

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Hoje a seleção feminina de futebol perdeu a final para os EUA apesar de jogar muito melhor.

A seleção feminina de futebol é brava que nem um sabiá.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

"Estrupo"

Pronto. Não pego mais rubéola. Fui em nome da minha saúde e de todos os homens que praticamente foram chamados de frouxos hoje no SPTV (noticiário da Globo sobre SP ao meio dia).
Havia muito mais mulheres indo.

Havia uma moça atrás de mim que teve que entrar de mãos dadas com uma amiga.
Eu não tenho problemas com sangue ou agulhas. E essa nem era das maiores.

Acho que é medo infantil de uma coisa meio fálica.

Tomar vacina é como um estupro no seu sistema imunológico.

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Estava tentando me livrar do mp3 quando uma amiga me deu um Ipod. Acho que este blog está condenado à ruína.

No entanto, tenho momentos bons.
Hoje um gordinho com a cabeça raspada e barba por fazer ia andando na rua com fones de ouvido. Ele mexia os dedos na frente do corpo como se tivesse tocando um teclado.

Aí eu tirei um dos meus fones e mostrei pra ele...

-Ó!

Ele pegou e tirou um dos fones dele e me entregou enquanto escutava o que eu estava escutando (era Blues Traveller).

-Legal!

-Falou!

-Falou.

Crash. Diria o título de um filme legal.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tá bêbu, moço?

Eu acabei de ir jantar e tomar vinho. Saudades de Portugal.
Compreendam!

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Eu não entendo.
Gosto mais de vôlei de praia, de atletismo, de ginástica olímpica, de saltos ornamentais... do que de futebol. Juro. Acho que quis dizer isso porque tomei vinho alentejano (Portugal...).
Amanhã vão duvidar da minha masculinidade.

Eu queria mais um pouquinho de vinho.

~~

Nossa... a televisão está ligada em algo chamado "Caminhos do coração".
Que roteiro escroto. Será que é de propósito? Se tem filmes trash, tipo os do Zé do Caixão, talvez tenha novelas trash.

Eu queria mais vinho.

~~

OK. Eu preciso ir dormir.
Mas não vou.

OK. Queria só mais um cálice de vinho.

~~

Tá bêbu, moço?

Esse post está chato. Se eu fosse você, não leria.

-Boa tarde, eu gostaria de um vôo pra Brasília no dia 28.

-Você já veio aqui!

-Sim, já.

-E foi boa a viagem?

-Sim, foi.

-Que bom! o vôo atrasou?

-Não, até que não.

-Ah! Que legal!

O dia não está nada criativo.

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"Depilação com cera quente
(cera totalmente descartável)"

Desculpem-me a ignorância. Mas tem alguém que recicla cera de depilação?

Ô, que nojo, hein?

~~

Eu estou matriculado no mestrado. Mas minha orientadora disse que se tudo correr bem eu faço doutorado direto.

Só pra esclarecer o post anterior estupidamente incompleto. Não achei que fariam questão de saber detalhes.

~~

Ontem comi três bolotas de sorvete de sabores bizarros com cobertura de chocolate branco... daquele que vira casquinha quando esfria...

Eu disse que o dia não estava criativo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Beat it!

Doutorado, aqui vamos nós...

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Ontem fui ver o filme do Zé do Caixão. Foi tosco, cômico de tão ruim, violento, cheio de sexo e sangue. Mas eu gostei.
No fim um cara saiu de lá com a namorada dizendo: "Como é que o BNDES patrocina isso??"

Olha, é bom ver um filme com coisas (boas ou más) praticadas por humanos pra variar. Como diria Fernando Pessoa, "estou farto de semi-deuses".
Ah... mas a discussão sobre isso é longa e chata, então não vou escrever aqui.

Mas tenho que admitir... pessoas mortas não respiram.

~~

Anteontem no metrô me deu uma sensação de felicidade.

Eu estava vindo da 25 de março depois de comprar camisas brancas vagabundas para levar para o Piauí ouvindo uma versão death metal para "beat it" do Michael Jackson, tocada pelo Raintime, uma banda muito legalzinha.

De repente comecei a me sentir em um clip da Björk, com excessão da música.

Um velhinho na plataforma de uma estação jogou o guarda-chuva para o alto e o pegou depois de dar um pulo, a mocinha saiu do vagão dando uma rodopiada tipo bailarina, o rapaz se pendurava nas barras do metrô, o guarda sorria e acenava com a cabeça para as pessoas.

Eu sorri e fechei os olhos com a cabeça encostada na janela.

Foi um dia bom.

~~

A quem interessar possa:

Raintime (citado nesse post... "Beat it" não tem clip, então coloquei uma montagem de um fã com o próprio clip do Michael Jackson -engraçado e tosco ha ha- e, em seguida, um clip de uma música da banda):

Beat it:

http://www.youtube.com/watch?v=sImzKqFtd4I

Rolling chances:

http://www.youtube.com/watch?v=TfS46BjqYFc

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fui mal!

Hoje eu vi o cara do Judô nas olimpíadas. Ele perdeu. Não ganhou nenhuma medalha.

Caceta, o cara chorou (soluçando) e pediu desculpas por ter perdido. Ele disse que queria dar uma vitória para o país.

Depois ele disse que passou não sei quantos anos empacado na faixa marrom porque não tinha dinheiro pra fazer o exame da faixa preta. O cara não tinha nem passaporte antes das olimpíadas. A experiência internacional dele era quase nada.

Mas teve a manha de ir pras olimpíadas.

Desculpa aí Brasil!

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Hoje andei o dia todo em busca de coisinhas para o Piauí. Que por acaso só vai me receber no começo de setembro.

Na volta, um velhinho no metrô, com um aparelho auditivo e cabelos brancos cuidadosamente desalinhados, olha com uma cara meio de malicioso para um amigo dele, um outro senhor com a cara mais emburrada e séria e com uma pasta preta no colo, e diz...

-Você já viu isso...? - E tira da mochila um disco vinil e um livro de ópera, parecia um conjunto livro/disco com a mesma capa...

O outro senhor olha para os dois lados e balança a cabeça afirmativamente.
O velhinho do aparelho auditivo cautelosamente guarda a sua preciosidade novamente e desce na estação seguinte.

-A próxima é a minha, né? Tchau!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Trivialidades de um dia bunda quadrada

Hoje eu fiquei com a bunda quadrada de tanto sentar em frente do computador.
Pelo menos resolvi umas coisas com deus e com o mundo.
Amanhã espero resolver o que tenho que resolver na rua.

Pra compensar.

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Sinto que em breve terei uma idéia genial.

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Eu quero ver o novo filme do Batman.
Essa frase não parece que saiu da minha boca.

Mas saiu sim.

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Hoje eu testei o GPS. Mexi em um Ipod. Trabalhei no Lap top, transferi dados de um pen drive e mandei e-mails pros EUA.
De repente me senti um homem da ciência tão parasitamente moderno.

Darwin apontava lápis.

domingo, 10 de agosto de 2008

Feliz dia dos pais!?

"Um ótimo domingo e feliz dia dos pais!" (!?)

Porr*!

Esse foi o curioso diálogo que tive com o caixa do supermercado hoje. Eu estava sozinho. Repito, sozinho.

Acho que é um presságio. Ui.

Vestígios saudosos de Portugal

Voltei a SP ontem. Cansei de descrever tudo o que aconteceu em Portugal. Fiz tanta coisa, bebi tanto vinho da melhor qualidade, conheci tanta gente SENSACIONAL, visitei lugares incríveis, senti tanto carinho, que descrever mais do que isso seria uma grande besteira perto de tudo que senti na pele. Meus amigos já perguntaram e ainda perguntam como foi. Eu respondo sempre com grande prazer.

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Comprei e ganhei cd's de artistas portugueses. Estou escutando todos agora... rock, pop, fado, etc etc... muito bom. Já sinto saudades.

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Ontem o céu estava preto em SP. Quando o avião pousou.

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Logo logo estou de mochilão nas costas para partir para o Piauí em "expedição científica". Ainda essa semana. Recomeça o meu projeto. Com muito mais objetivo depois da viagem recente.

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Estou curto de palavras hoje. Acho que o sentimento nostálgico português ainda está entranhado em mim.

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Falei com a Cé hoje, com a Narizinho ontem e com a Gabi logo mais. É tão bom ter amigos e pessoas que te fazem sentir bem. A solidão provisória é ótima quando você sabe que pode se agarrar na borda da piscina antes de se afogar. Sempre há uma mão, mesmo que sem querer, te levando a respirar.

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Eu geralmente acho isso chatíssimo, mas vou colocar uma letra de uma música portuguesa do Jorge Palma que gosto muito aqui:

olá!
sempre apanhaste o tal comboio?
eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vicio da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez

conheço a tua cara, mas não sei o teu nome
escrevo já aqui, não sei o quê, arroba-ponto-com
vou-te reencontrar noutro bar de estação
ou talvez quando perder mais um avião
o barco vai de saída, tu estás tão bronzeada
é tão bom ver-te assim, ardente,
tão queimada

eu quero reencontrar-te noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome ou se ainda és mulher
quero reconhecer-te e beber um café
dizer-te de onde venho e perguntar-te porquê
sorrir-te cá do fundo, subir os degraus
eu quero dar-te um beijo
a cinquenta e tal graus

sempre apanhaste o tal comboio?
eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez
cá estamos nós outra vez...

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Amanhã sou brasileiro outra vez!

sábado, 9 de agosto de 2008

aaah...

Sei lá quando-08-2008

Ontem passei o dia em Avanca e às 17h fui a Santa Maria da Feira novamente, pois havia uma feira medieval acontecendo por lá. Comi até javali. Muito interessante. Estava lotado.

Meus dias de férias em Portugal estão terminando, volto dia 9 para São Paulo, por isso resolvi passar os dias que me restam na Torreira, aonde minhas tias-avós têm um apartamento. Ainda há muita coisa interessante para se ver em Portugal, mas abri mão disso pra passar um tempinho em um lugar que eu adoro.

A Torreira é uma cidade de praia com um clima muito bom. Tenho um primo que mora por lá e outra que está construindo uma casa por lá também. Ver meus primos e suas esposas e maridos passearem de bicicleta, fazerem piqueniques, andarem de barco, conversarem do jeito que conversam e levarem as vidas que levam me deixam com uma certa inveja. Enfim, quem sabe um dia...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Maaaais um pouquinho de Portugal...

27-07-2008
Hoje fui ao aniversário da minha prima Filipa, aqui na Vila de Avanca. Foi sensacional, há muito e muito tempo não sentia o que era um ambiente realmente familiar. Sinto uma atração muito grande por Portugal como país e agora como um berço familiar também.
Antes disso fomos à missa. Não me considero católico, apesar de ter sido batizado, mas respeito as tradições da minha família e participo delas sem faltar com o respeito que merecem.
Foi o primeiro padre que disse algo que eu realmente admirei. Mas isso é outra história.

28-07-2008
Bom, passei o dia visitando a Vila de Avanca, terra da minha família por parte de avô paterno. À noite fomos jantar em Ovar, na casa da prima Patrícia e do marido João, um cara muito bacana. Repito, as pessoas são tão agradáveis por aqui que até assusta.
Tomei vinho pra cacete e nem parece que faz tanto tempo que corria pelas ruas de Avanca nas férias com as primas, quando éramos crianças. Cronologicamente falando, é claro.

29, 30 e 31-07-2008
Esses foram dias corridos. Fomos eu e minha mãe de comboio (trem) para Lisboa passar 3 dias. Ficamos na hospedaria da Santa Zita, um lugar administrado por freiras que é muito confortável e simples, com preço acessível para nós.
Não vou aborrecer quem está lendo ao descrever tudo, pois fizemos muitas coisas. Mas visitamos o oceanário, a torre e ponte Vasco da Gama, teleférico do parque das nações (onde foi a famosa expo 98), Torre de Belém, Mosteiro dos Jerônimos, Monumento ao Infante, CCB, Praça do Rossio e bairro do Chiado (freqüentado por Fernando Pessoa, inclusive fomos ao café “A brasileira”, o qual o próprio costumava ir). Ainda esticamos a regiões próximas, como Cascais (praia) e Sintra (Palácio de Sintra, Palácio da Pena, Centro histórico).
As 19:30 do dia 31 pegamos o comboio para o Porto, chegamos lá quase 23h e fomos para a casa de uma prima. Ficamos conversando até umas 3h da manhã.

01 e 02-08-2008
Vimos a parte da família da minha avó materna, inclusive gente que eu nunca tinha visto (a última vez que estive aqui foi há 15 anos).
Ainda visitamos casas de antepassados meus, o parque de Serralves (aonde havia uma exposição sobre o Manoel de Oliveira, cineasta português, com coisas muito, muito interessantes, procurarei filmes dele) e as caves (lugares aonde fazem o vinho do Porto. Fomos a Taylor’s e degustamos vinhos do Porto tintos e brancos).
As pessoas estão sendo sensacionais aqui (sei lá quantas vezes vou repetir isso).
Às 19:06 pegamos o Comboio pra Avanca. Isso merece menção: tudo aqui é precisamente cronometrado. Se um comboio está marcado pra sair as 19:06, ele sairá 19:06.
À noite fomos dormir no apartamento da praia da Torreira (Que está lindo! Muito aconchegante).

03-08-2008
Passeei pelas praças e praia, tomei um fino (chopp) no pub Sardinas, sobre a areia da praia.
O almoço foi sensacional (como sempre)!
Mais tarde fomos para Avanca.

Sei que estou sendo chato com essas descrições todas, e tenho ouvido muita coisa engraçada do povo daqui pelas ruas, tantas que nem me lembro ao final do dia, mas optei por fazer um diário de bordo mesmo. O que foge de tudo aquilo que eu tenho escrito antes.

Enfim, voltarei a ser o mesmo imbecil de sempre após esta viagem.

04-08-2008
Hoje de manhã eu vi um gato vomitando no milharal.

Fomos a Fátima (cidade religiosa, com o santuário e um monte de lojinhas pros fiéis torrarem a grana), Batalha (com o fantástico e colossal mosteiro da Batalha) e a Nazaré (uma praia belíssima).

domingo, 27 de julho de 2008

Mais Portugal...

26-07-2008
Pela manhã conhecemos a propriedade da minha prima Romana e do seu marido Victor. Um lugar enorme com cavalos e cachorros. A propriedade foi comprada com uma casa beeeem antiga, que está sendo reformada antes deles irem definitivamente morar por lá.
A Romana (grávida de 3 meses) pareceu empolgada e divertida quando me disse que agora eu, minha mulher e meus filhos já tínhamos um lugar ótimo pra passar uns tempos, já que haverá uma casinha de hóspedes no local. Só me falta arranjar a esposa e os filhos, mas é bom saber dessas coisas de qualquer maneira.
Ainda conhecemos uma parte do rebanho leiteiro do Victor, com mais de 600 vacas (o que para um país pequeno como Portugal me parece bastante grande), e com maquinaria para tirar o leite. Muito bom, eles têm um bom plano de vida ao que me parece e torço pra que tudo dê certo.

Normalmente as pessoas me perguntam se já sou casado, já que tenho 32 anos...

-Ó Luizinho, então ano que vem vais ter 33, a idade de Cristo! Vais continuar solteiro como ele? – Disse a Beth (?), vizinha humilde da propriedade das minhas tias avós e que me conhece desde os meus 6 anos de idade.

-Solteiro talvez sim, só espero que não me crucifiquem como fizeram com ele! – Disse eu já um pouco cansado dessas cobranças.

Pela tarde fomos a Santa Maria da Feira, cidade com um castelo medieval muitíssimo bem conservado... reencontrei o buraco usado pelos habitantes do castelo (na época, e não agora, claro) para fazerem suas necessidades... o mesmo buraco que eu usei para fazer xixi há uns 27 anos, para horror das minhas tias e mãe. No final a história era contada como algo “bonitinho”. A sorte foi ninguém ter passado embaixo do buraco nesse tempo (o buraco fica bem no alto).

À noite botei minhas tias e minha mãe no Mercedão e fomos à praia do Furadouro novamente. Incrível como as pessoas vão as ruas e se divertem de uma maneira saudável... jovens, famílias inteiras, estrangeiros por toda parte... apresentações folclóricas animavam o local. O clima estava meio friozinho, muito, muito agradável. Havia gente pra todo lado.

Vou ficando por aqui... logo mais tenho que ir a um almoço de aniversário de minha prima Filipa (15 anos).

Até!

sábado, 26 de julho de 2008

Portugal

Bom, aqui começo a descrever pedaços da viagem que estou fazendo a Portugal... quase nunca terei tempo ou condições para Internet, então farei um resumão de tempos em tempos para quem quiser saber como estou...
Trouxe minha mãe para passear. Inicialmente outra pessoa deveria estar junto conosco, mas desde de fevereiro que tive que mudar os planos... é a vida... enfim, vamos lá...

21-07-2008
Acabei de chegar no aeroporto de Lisboa (6:05 aqui em Portugal), digito do terminal de conexão para o Porto e não sei quando vou publicar isso aqui já que a conexão Wi fi é paga.
A fila do passaporte até que não demorou, mas demoraria menos se eu não estivesse com uma baita dor de barriga. Corri para o banheiro mais próximo depois de passar pela polícia federal rezando para não encontrar ninguém no banheiro. Digo isso porque tenho problemas sérios com o cruzamento entre “defecar x banheiros públicos”, os sons e aromas que podem ser compartilhados com outras pessoas exalam (literalmente) algo primitivo, não pertencente ao nosso século.
Enfim, o banheiro estava vazio, e os sons emitidos por mim não foram bonitos. Porém, contrariando minhas previsões anteriores, quando abro a porta do lugar do vaso, um velhinho baixote, com a cara do José Saramago, estava parado no meio do sanitário, olhando para mim com uma expressão assustada.

- É... - disse eu – É o meu primeiro cocô em Portugal depois de 15 anos. Tive que caprichar. – Lavei as mãos e saí sem demora.

O velhinho continuou lá parado. Acho que estava empalhado.

~~

Vou fazer um apanhado do que aconteceu até agora, já que não tive oportunidade de tocar no computador. Leia se for meu amigo, família ou se tiver algum interesse em Portugal ou em mim (maníacos assassinos obsessivos sintam-se a vontade). Daqui a pouco saio para Coimbra, então tenho que correr, não esperem reflexões ou o típico sarcasmo, só descreverei o que tenho passado.

21-07-2008
Ao entrar no avião de Lisboa para o Porto minha mãe finalmente dormiu. O vôo atrasou devido às condições climáticas e, depois de meia hora de espera minha mãe acorda e pergunta: “Já chegamos?”. Ainda não tínhamos levantado vôo.
Minha mãe dispensa apresentações. Antes de a apresentarem a alguém ela já disse até o número do sapato, o nome da cachorra e já te deu uns 7 beijos.

Depois encontramos minhas queridíssimos tias-avós Adelaide e Ortélia e fomos almoçar em Espinho, uma cidade de praia, em um restaurante a beira mar muito bom (restaurante bom é o que não falta em Portugal), havia gente falando todas as línguas por todo lado e comemos “espadarte”, um peixe que estava bom pra caralh*. Ah! O vinho também foi um caso a parte... excelente. O lugar é muito agradável, não é a toa que uma vez ou outra sonho em vir morar em Portugal.

Aqui os carros param assim que alguém pisa na faixa de pedestres, no geral, com poucas exceções mal humoradas, as pessoas são impressionantemente simpáticas e educadas.

Depois passamos por Esmoriz, terra da minha avó. Outra cidade praiana. Após irmos dar uma olhada em algumas propriedades do meu avô demos uma volta na cidade, que tem um astral ótimo, uma boa praia, árvores (eucaliptos, acho eu). A parte das árvores é tão legal e grande que parece que a Branca de Neve vai sair correndo dali a qualquer instante com os sete anões atrás.
Fomos ao Palheiro Amarelo, uma escola de surf com idealismos ecológicos (estão a destruir partes da praia devido ao crescimento imobiliário do local) que foi a casa de veraneio dos meus antepassados. Palheiro é uma casa típica de praia em Portugal, toda de madeira e pintada com listras coloridas.

Finalmente chegamos a nossa querida Avanca, terra do meu avô. Avanca é a vila aonde temos uma casa. Nesse momento escrevo de uma cama que provavelmente tem mais de 100 anos. A casa não tem menos que isso também.
Matei minhas saudades percorrendo a casa em si, a adega, o milharal, o celeiro... estou tirando infinitas fotos de tudo e aos poucos coloco no orkut e algumas aqui.

22-07-2008
Pela manhã fui dar uma andada pela vila de Avanca. Estive aqui há 15 anos e o lugar cresceu muito. Há até prédios! A paisagem é linda. Parece um quadro!

Tenho a minha disposição um Mercedes antigão. Estou maravilhado! Adoro carro velho!

À tarde fomos a Aveiro. De novo praia. Visitamos os palheiros e o mercado de peixe. Depois fomos a um café a beira mar, o tempo estava agradável, com uma brisa muito gostosa.

23-07 e 24-07-2008
No dia 23 conhecemos muitos lugares típicos da cidade do Porto. Almoçamos a margem do rio D’Ouro no restaurante Chez lepin, de novo ótima comida (peixe) e vinho. Enfim, conhecemos bem muitas coisas interessantes que seria maçante se fossem escritas. Fomos e voltamos de Comboio (trem). Eficiente, limpo e super confortável. A estação de Avanca é muito bonita de uma maneira rústica, a do Porto é grande e com murais de azulejos portugueses. Também visitamos a antiga bolsa do Porto e igrejas centenárias. Fiquei de queixo caído com a beleza da cidade.

No dia 24 resolvi com minha mãe e tia Lai a nacionalidade portuguesa de minha mãe. Ainda passamos por Esmoriz novamente na volta à Avança. Novamente fomos ao Palheiro Amarelo só para tirar fotos de cada canto da casa.

25-07-2008
Dia de ir a Coimbra, a cidade-cultura (dizem aqui em Portugal que Lisboa diverte-se, Braga reza, Porto trabalha e Coimbra canta). De fato encontramos músicos no meio das ruas estreitas, cafés lindíssimos e com sei lá quantas centenas de anos e igrejas antigas pra cacete... Também conhecemos a Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa, com uma biblioteca que é algo espetacular, pena que em muitos lugares as fotos não são permitidas, mas de qualquer maneira tenho visto muitas coisas sensacionais.

Antes de ver tudo isso fomos a Conímbriga, povoado que existe desde antes de 1 a.c., e que foi ocupado posteriormente pelos romanos (a cidade é mais antiga do que Roma!!). Visitamos as ruínas e o museu de Conímbriga. Pra variar foi espetacular.

Nota triste: Detonei a lataria da parte lateral traseira do carro da minha tia (não o Mercedão, o Pegeout) quando tentava manobrar em uma ruela estreitíssima de Coimbra.

Tenho bebido vinhos excelentes todos os dias. O que literalmente me alegra muito. O que eu realmente precisava nos últimos tempos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Jura?

- 88? Jura? Não parece! É porque a senhora tem a pele negra! Pele negra fica mais conservada! - Arriscou a moça da loja de conveniência do posto de gasolina ao falar com uma senhorinha - Eu tenho 41! Acredita? Nem parece, né? Mas isso é porque eu choro muito!

- E chora porque, minha filha?

- Porque os meus namorados me abandonam.

Ouvi a conversa toda atrás de uma coxinha e de um suco de laranja (é... velhos hábitos die hard), sem saber que chorar tinha alguma relação com ficar jovem. Achei que a possibilidade de acontecer o contrário seria mais plausível.

- 32? Jura?

sábado, 12 de julho de 2008

Oh man!

Da última vez que estive no Piauí, com alguns pesquisadores gringos, eu observei não só os macacos. Observei as pessoas, que são enormemente conceituadas no meio, diga-se de passagem, e ponderei sobre o meu futuro.

-Look at that bipedal run!!!! – Disse uma das doutoras, de quem eu passei a minha vida acadêmica lendo os artigos e a idolatrando, quando um macaco passou correndo em bipedalismo (algo não muito comum entre primatas do novo mundo).

Veja bem, eu continuo achando a mulher o máximo. E de uma certa forma acho que vou acabar exclamando coisas como “Wow! Take a look at that inversed bipedal posture! Amazing!” enquanto tenho algo parecido com um orgasmo intelectual.

Porém, não gostaria de criar 13 gatos no meu apartamento solitário. Não que a tal doutora crie, mas frases como “What a wonderful climbing positional behavior in foraging ativities, man!” me remeteu à criação de 13 gatos em um apartamento.

~~

Pelo menos uma das doutoras peidou na minha frente enquanto eu rolava de rir no chão do cerrado (li-te-ral-men-te), no meio do nada, após uma pausa dramática para considerar se eu realmente deveria me render às gargalhadas.

Isso me aproximou da humanidade e me distanciou dos gatos por enquanto.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Não. Pedófilos onanistas não!

Acredite se quiser, eu ouvi a música do créu por mais de 5 segundos pela primeira vez hoje. Ouvi e vi. A bunda da mulher parecia uma gelatina no liquidificador. O mais incrível foi a menininha de 12 anos dançando feliz da vida. Menininhas com menos de 12 anos já dançavam em cima da boca da garrafa em tempos outros.

Pedófilos onanistas agradecem a você que compra os CDs e vai aos shows.

~~

Por falar em crianças e comportamentos anormais que ficam cada vez mais normais a cada dia que passa, “Precisamos falar sobre o Kevin”, de Lionel Shriver, é um livro bem legal, apesar de ser a coisa fictícia mais triste e assustadora que eu já li na vida. Não se jogue da janela se ler.

Ou se jogue, afinal eu não tenho nada a ver com isso.

~~

OK. Vou adotar um filho assim que terminar o mestrado. É sério. Afinal de contas tenho certeza de que me tornarei multimilionário em breve.

Estou louco para ensinar ao meu pequeno Luizinho Júnior todas as coisas que eu não sei.

Espero que ele não seja homicida, suicida, dançarino do créu e nem um pedófilo onanista quando crescer. (embora a parte do onanista seja aceitável durante a adolescência).

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Os dinoZauros fazem xixi

Bom dia. Meu nome é Luizinho e eu não uso mp3 desde sábado.

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Tenho olhado para meus livros. Não se como vou levá-los agora que vou morar definitivamente em São Paulo.

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Ontem cortei o cabelo. Ou melhor, a Sônia cortou.
A Sônia é a cabeleireira que cuida dos cabelos da minha família há anos. Porém, só ontem descobri a magia das fofocas daquele ambiente.

Vejamos, não sei bem por onde começar.

-Aaaaai... já experimentei creme de bláblá*, creme de bléblé*, creme de blibli* e a minha pele nunca se dá muito bem com esses produtos – confessou uma velha médica que estava gemendo toda vez que a manicure cutucava o seu pé.

-E é, éééé? - Perguntou a Sônia, que estava cortando o meu cabelo.

-É. Da próxima vez vou pedir um creme de xixi de dinozauro – Sim, a palavra foi dinoZauro. Suponho que ela se referia a dinossauro.

-Aaaaai! Xixi de dinozauro! Que seboseira! – Se indignou a manicure.

-Essa é boa! Xixi de dinozauro! Credo! – Disse a Sônia olhando para minha cara.

-É... hehehe, eca! Dinozauro... – Disse eu tentando ser solidário.

-Com licença, as senhoras teriam um cafezinho? - O motorista da médica do xixi de dinozauro apareceu.

-Ah! Claro, meu senhor! – A outra manicure se manifestou.

-E não terias umas bolachinhas também?

-Aaaaaah hahahaha! – Riu a manicure. Não sei bem porque – Conseguiu estacionar o carro no estacionamento que eu falei? Esse daqui é muito caro!

-Consegui sim! Não é um estacionamento de primeira, né? Mas é um dos melhores dos de segunda!

Bom, não quero aborrecer quem estiver lendo isso aqui. Mas a conversa não parava até que eu fui embora.

As pessoas são tão interessantes. Dá vontade de nunca intervir e só ficar olhando pra elas.

Como eu faço com os meus macacos.

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* Palavras que eu sinceramente não consigo me lembrar.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Todo poderoso

Estou em Recife. Anteanteanteanteanteontem fui a missa de sétimo dia de uma parente.

Sou quase capaz de jurar que o padre sugeriu que o euro era uma coisa relacionada com as trevas. Eu posso estar enganado, não estava realmente prestando atenção. Foi logo antes dele dizer que o amor ágape era algo... bom... que o amor ágape era algo de deus.

Enfim, tenho aprendido mais sobre mim mesmo. Descobri que sei lidar com autoridades sem questioná-las muito. Afinal, fui católico um dia. Em um tempo remoto.

Na verdade eu não questionava muito as autoridades dos assuntos relacionados a deus e seus subordinados do alto escalão, mas colei na prova de catequese quando eu tinha uns poucos anos de idade. Acertei todos os mandamentos e tirei dez na prova. Hoje eu ainda lembro que tinha o “amar deus sobre todas as coisas”, “não matarás”, “não cobiçar a mulher do próximo”... acho que tinha também alguma coisa sobre “colocar as meias sujas no cesto de roupa suja”, mas não estou bem certo.

É engraçado, mas apesar de ter ficado orgulhoso do meu feito (não sei se fiquei orgulhoso por ter tirado 10 ou por ter colado na prova da catequese, o que me proporcionaria, se houvesse justiça nesse mundo divino, um 10 na escola do capeta, e não na catequese dentro da igreja), eu continuava com uma compulsão por matar insetos (matei muitas baratas na minha vida, hoje eu evito, tenho pena das pobres), por amar meus pais acima de deus (se deus fosse mesmo um indivíduo eu sinto muito, mas as pessoas que me davam beijo de boa noite antes de eu dormir vinham em primeiro lugar) e por cobiçar muitas mulheres dos próximos (e, considerando a fase pré-púbere na qual me encontrava, colocá-las dentro da minha cabeça nas minhas primeiras experiências sexuais solitárias). É, eu era um pecador e iria pro inferno com certeza.

Acho que no fim das contas eu questionava as autoridades de uma maneira muito mais peculiar do que somente falando. Eu era um terrorista espiritual. Eu era como aqueles caras que vestem um colete cheio de dinamite e vão pra porta de uma escola de padres sorrindo candidamente. Eu explodia as criancinhas enquanto comprava um churros ou um sorvete de Jesus pra elas. Eu era um cavalo de Tróia que trazia má influência disfarçada em um sorriso confiável para dentro dos muros sagrados. Eu era uma farsa. Eu era o Hugo Chavez da catequese.

Enfim, hoje, adulto, eu não acho que vou mais para o inferno. Eu vou é pra debaixo da terra e depois vou virar um pedaço de grama, um órgão de um verme, a asa de um passarinho, o dente de um rato, uma flor, uma gota d’água, um grão de areia, a unha do dedo mindinho do teu neto. Eu vou ser onipotente e onipresente.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

...pois é...

...então elas tosam os poodles e depois colocam um casaquinho neles...

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Não sei. segunda-feira vou a Recife. Dia 15 de julho vou a Portugal. Dia 15 de agosto vou ao Piauí. Depois volto a Recife. Depois volto a São Paulo. Volto para o Piauí. Recife de novo.

Depois me dizem que não tenho os pés no chão e que fico com a cabeça nas nuvens.

He-he-he...

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Continuo tentando me livrar do mp3. É difícil. Deve ser algo como cocaína.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A maconha de prata

O que escrevo aqui é baseado no que ouço na rua. É por isso que não tenho escrito. O mp3 arruinou minha vida e eu não escuto mais nada.

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No entanto hoje esqueci o maldito aparelho do inferno em casa e fui ao correio.

Entre meus afazeres, além de perseguir macacos e analisar o que eles fazem, está a emocionante tarefa de assinar e enviar recibos pelo correio.

Então corri para uma agência e esperei minha vez. Havia três atendentes na agência, uma japonesa muito bonita e bem vestida de um lado, uma mulata linda no meio e uma mulher nada bonita (=feia) e toda de preto, com uma faixa de tenista na cabeça e um colar com um pingente prateado na forma nada discreta de uma folha de maconha do outro lado.

Claro que na minha vez foi a mulher da folha de maconha que atendeu.

O recibo que eu estava mandando era muito importante, então sondei a área, desconfiado daquele pingente. Agora vejo que posso ter sido mal interpretado...

-Oi! Preciso mandar isso sem falta para Natal, no Rio Grande do Norte... - Olhei preocupado para a folha de maconha prateada no pescoço da senhora.

-Tá...

-O que você faz para se divertir enquanto trabalha? - Perguntei como se ela fosse responder "fumo maconha enquanto queimo as cartas dos clientes".

-Nada demais... - Senti que a moça mordeu o lábio inferior ao responder e fiquei mais preocupado ainda com a minha correspondência.

-Ah tá. E que horas você sai? - OK! Essa pergunta pareceu ter uma conotação totalmente oposta à que eu pretendia.

-18 horas... - E tive a nítida impressão que a senhora passou a língua no lábio superior.

-Essa carta vai chegar, né? - Usei uma abordagem mais direta.

-Vai... vai sim... - Meu deus, ela arrumou o cabelo!

-Tá... tó o dinheiro, obrigado... tchau...

-Psiu... - fez a moça - ...dezoito... horas... - e piscou.

Saí com alguma agilidade do correio, imaginando aonde ficaria a agência do correio mais próxima sem atendentes de meia idade usando folhas de maconha prateadas no pescoço.

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No meu tempo esse cartaz não ficaria pendurado nas portas das locadoras!




Tempos macabros! Prefiro pornografia!




quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ponte Orca Globetrotters

Se eu tivesse um filho com a Nicole Kidman no Congo, ele seria um afro-brasileiro?

Tortuosos são os caminhos da moral étnica.

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Outro dia eu ia entrando no ônibus da Ponte Orca e tive que ficar espremido entre quatro afro-brasileiros (afro-basileiros negros mesmo) de bermudões, camisas largas, bonés e tênis de basquete. Meu "pré-conceito" chutou:

- Time de basquete.

Mas aí antes de eu sentar um deles abriu a boca e dirigiu as seguintes palavras para o outro:

- Então, mano! Vou colocar aqui grandão: "FILOSOFIA", escrito em grego, ó! - Falou enquanto apontava para uma pasta.

- Vai ficar a pampa. - Disse o outro quando eu me espremia no meu lugar.

- E aquele truta lá do Platão? Sacou o lance da caverna?

- Muito lôco! O maluco fez uma exemplificação de como a gente pode se libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade!

- Só! E os cara ficam na caverna vendo só as sombra das parada lá fora! E acham que as sombra é a real! Platão tava falando lá dos mano do tempo dele, com suas crenças e superstições. O filósofo era tipo um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não apenas não seria compreendido, como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

- Noooossa! Muito lôco! Viagem pura!

A conversa continuou abordando outros temas como religião... conceitos sobre absolutismo...

- Malandro! Imagina que a careca daquele velho ali na frente é tudo o que existe!

- Só!

- Então... Se é tudo o que existe, que espaço sobra pra novas idéias?

- Nenhum!

- Caralh*! Significa que só o dono do poder absoluto tinha razão... O Absolutismo é um lance político que defende que uma pessoa tem um poder absoluto, assim ó, independente de outro bagulho, judicial, legislativo, religioso ou eleitoral! Os teóricos de relevo associados ao absolutismo incluem autores como Maquiavel, Jean Bodin, Jaime I de Inglaterra, Bossuet e Thomas Hobbes. Tem uns mano que mistura isso aí com a doutrina protestante do "Direito Divino dos Reis", que defende que a autoridade do governante emana directamente de Deus, e que não podem ser depostos a não ser por Deus, defendido por alguns absolutistas como Jean Bodin e Jaime I.

Depois dessa meu preconceito foi desarmado e eu só pude admitir:

- Tá. É o time de basquete da faculdade de filosofia.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Luiz e a rapaziada

Hoje eu fui na FAPESP. Como sou muito esperto resolvi ir a pé, apesar dos avisos de que era longe, e de que havia ônibus que me deixaria na porta.

Me pus a caminhar. E no segundo bloco eu já na sabia mais pra onde ir.

Perguntei aonde ficava a tal da rua pra meia dúzia de pessoas e cada uma me mandava pra um lado. Quando me dei conta estava no meio de não sei aonde.

Então, quando estava rindo pela minha estupidez, perguntei para um segurança de uma vila.

-Oi! Bom dia!

-Hmmm... bom dia... - Disse o guarda com uma voz meio mole.

-O senhor sabe aonde fica a rua Pio XI?

- Hmmm... olha... vem cá... você desce aqui por essa rua... - E o guarda pegou no meu braço de um modo muito delicado e gentil.

- Sei...

- Aí vai até o sinal e dobra pra direita... - me fez um carinho no ombro.

- Aaaaah! Tá bom! Obrigado! Já sei! Muito obrigado, viu? - Saí com alguma pressa pelo caminho indicado.

Não demorou muito pra eu ver que esse caminho era falso. Então não tinha mais nada pra fazer a não ser perguntar novamente.

Um grupo de velhinhos sentados em cadeiras na calçada foi muito útil...

-Oi! Bom dia, rapaziada!

-Bom dia, garoto!

-Eu tô cansado, todo suado e preciso chegar logo na rua Pio XI...

-Ah garoto, senta aí e joga um dominozinho enquanto descansa.

O seu Zé, bem magro, não tinha nenhum cabelo e usava uma máscara cirúrgica na boca e nariz; o seu Manoel era vermelho e encorpado, falava muito; o seu Mathias era mais quieto e usava a camisa aberta até a barriga.

Joguei com o seu Manoel. Ele me pareceu mais esperto.

Bom, depois do seu Manoel esbravajar, perdemos vergonhosamente. Os malandros eram o seu Zé e o seu Mathias. O seu Manoel era só o que falava muito.

-Vê se aparece qualquer dia, garoto!

A rapaziada me indicou o caminho e eu acabei chegando lá depois de uma boa caminhada.
Pingando de suor.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Patrício...

Meu avô é um sujeito peculiar.
No dia 24 de dezembro, às 20h, ele passou mal e teve que ser levado para o hospital.

Foram dias na UTI, dias no quarto, depois mais dias na UTI e mais dias no quarto...
Enfim, meu avô quase não continua vivo. Para o desespero de todos, menos dele. Pelo menos aparentemente.

Mas como eu disse, meu vô é um português bastante curioso. O que gera conversas insólitas entre ele e minha avó, como a transcrita a seguir.

-Zé... tu sabes que quase não sais dessa, não é?

-Mina, só tive um calafrio! Nunca tivestes um calafrio?

Ou o meu vô é a pessoa mais corajosa do mundo ou o que falam dos portugueses não é mentira.

De um jeito ou de outro há muito o que admirar aí nesse senhor.

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Preguiça de escrever eventos atuais. Vou me jogar ali no sofá...

Inté.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Quer ser meu amigo?

- Oi! Eu vim comer Mac lanche feliz. - Me disse um menininho de uns 6 anos assim que eu sentei na cadeira da praça de alimentação do shopping Santa Cruz.

- Oi! Eu não. Tenho medo daquele palhaço feio lá. Ele parece que tá doente. - Disse eu sem ver nenhum adulto por perto do menino.

- Você tem filho?

- Não. E você?

- Eu não. Onde você mora?

- Aqui perto, e você?

- Também.

- Quer ser meu amigo?

- Ué? Mas eu já sou seu amigo! Tchau! - Respondeu o menininho, de quem eu nem sabia o nome, indignado e abanando a mãozinha em miniatura.

sexta-feira, 21 de março de 2008

"Happiness only real when shared"

Certo. Isso vai parecer meio repetitivo. Mas o fato é que ontem eu fui ver "Na natureza selvagem" no Cine Bombril, lá na Paulista.

QUE PUTA FILMAÇOOOO! CACETEEEEE!

Acho que foi um dos melhores filmes que eu já vi. Valeu pela dica, Sammy!

Não vou fazer nenhum comentário depois dessa exclamação. Vão assistir pelo amor de deus!!!

As moças soluçavam no fim do filme e os rapazes fingiam que tinham ciscos nos olhos.

Eu soluçava como uma moça. Mas não me entendam mal.

"Happiness only real when shared".

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Baixei algumas coisas musicais pela internet.

Depois do meu lado "heavy metal anos 80/90 revisited" dos últimos dias resolvi dar vazão ao meu lado mais feliz.

Baixei um remix da Nina Simone (Nina Simone remixed e reimagined), Wild Cherry (ótima dica da Paty Narizinho) e Billie Holliday. O meu lado feminino/gay só vai até aqui (e quando eu choro no cinema também...). Recomendo para quem quer sair de alguma fase melancólica.

Também baixei a trilha do "Ocean's thirteen", do David Holmes, que é uma put* trilha legal pra quem é cool como eu (ho ho ho)!!!

Apesar de tudo eu não danço em nenhum lugar próprio para dançar. Poupo as pessoas dessa visão. Acho que é um bloqueio. Só danço com gente maluca no meio da rua. Quando é tudo mais divertido.

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Sessão auto-afirmação, auto-terapia, auto-aceitação:

quinta-feira, 20 de março de 2008

Ao vencedor, as batatas

O dia de hoje foi uma jornada.
Botei o pé fora do instituto aonde faço mestrado na USP e começou a chover.

-Ah! chuvinha a toa! Quando engrossar eu saco meu guarda-chuva!

Engrossou. E eu notei que tinha esquecido o guarda-chuva. Quebrei a regra de ouro de São Paulo: Não saia sem guarda-chuva!

Falei comigo mesmo e cheguei à conclusão que era melhor correr.
Passei por um gordinho e quando estava uns dez metros na frente dele eu escuto...

-AAAAAH! AAAAAH!

-Meu Deus! O gordinho está passando mal! - Disse pra mim mesmo antes de voltar correndo pra acudir o coitadinho!

-AAAAAH!

-Cara! Você está bem?

-Ch... Ch... Chu... chuva... ffffi... filha... da puta...!

O gordinho só estava cansado de correr da chuva, então eu saí correndo novamente.

Parecia o Forrest Gump.

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Quando cheguei no primeiro abrigo eu já estava encharcado. Então resolvi andar pelo viaduto mesmo. Mais molhado não dava pra ficar. Aí passei por 3 estágios.

Negação: Andava com cuidado e encolhido na lateral da calçada... com medo dos carros espirrarem água suja em mim... cada carro que me jogava água era um "filho da puta" que eu mentalizava em direção ao desgraçado.

Raiva: Esqueci meu bem estar, e a cada banho de água suja eu gritava obcenidades e chutava estupidamente água em direção ao carro que tinha me humilhado, que por sinal já se encontrava a uns 100 metros de distância...

Aceitação: A cada banho de água suja eu não mexia nem mais um músculo fora aqueles usados pra andar para frente de maneira determinada e com uma cara de psicopata.

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Resolvi pegar o trem pra não molhar o ônibus e as pessoas (por alguma razão não me preocupei em molhar o trem...).

Infelizmente esse maldito transporte estava andando a 1km/h por causa da chuva. Com sorte levaria somente um par de horas até chegar no metrô.

Umas três estações depois de pegar o trem descobri que estava no trem errado. O ódio me deixou cego e burro e tive que pegar outro pra andar tudo de volta.

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Depois de 2 trens, 2 metrôs, e alguns quilômetros de caminhada, encontrei uma mendiga dançando no meio da avenida Domingos de Moraes, já perto de casa.

A dança consistia em cerrar os punhos e dobrar os joelhos, depois era só ficar fazendo curtos movimentos para cima e para baixo (como uma mola) e para os lados simultaneamente.

Todo molhado eu andei ao lado da mulher e dancei com ela aqueles passos tão divertidos.

Ela olhou pra mim e abriu um sorriso sem muitos dentes e emitiu um som qualquer.

Primeiro seus olhos diziam:

-Eu pelo menos tenho uma justificativa pra dançar no meio da rua. Sou tam tam da silva...

Depois ela sorriu o sorriso mais puro que eu já vi como se dissesse:

-Até que enfim alguém lúcido nessa cidade!

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O balanço foi positivo. Afinal, depois de tudo, no finzinho da festa eu dancei com a moça mais bonita da cidade.

terça-feira, 18 de março de 2008

É tudo muito engraçado até alguém perder um olho!

Minha tia-avó precisa dançar toda vez que experimenta um sapato na loja. Só assim ela sabe se o sapato é bom pra ela ou não.

-Senhora a cor do sap... - O vendedor tentava manter um diálogo e fazer minha tia parar de rodopiar.

-O senhor dança? - Ela respondia ignorando totalmente o pobre rapaz.

-Não... eu...

-Ah que pena.

-A cor do... do... do...

-Bolero. É um bolero. Falta o último movimento.

-...

-Não, obrigada. Eu não vou levar não.

Deixou um montinho de sapatos felizes no chão da loja e foi embora.

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Acabei de ver "O banheiro do Papa". Eu achei um filmaço! Acho que nem todo mundo vai concordar, mas eu repito: FILMAÇO, FILMAÇO e FILMAÇO!!

Não tem explosões nem gente morrendo, o personagem lá machuca o joelho no máximo. Já vou avisando pra não me crucificarem depois.

O chato foi a moça que estava do meu lado mastigando pipocas de um saco gigantesco com a boca aberta.

-Moça, tem como você... - Tentei ser delicado.

-Quêêê?? - Um pedaço de milho voou em direção ao meu olho e só não fiquei cego pois estava de óculos.

-Nada... nada não... desculpe. - Me acovardei com a artilharia pesada e fiquei me contorcendo a cada "nhac nhac".

domingo, 16 de março de 2008

A vida é um barco!

Como diria o Pig,

-Luiz, lembre do que eu vou dizer... - Dizia ele em tom profético.

-Quê? - Dizia eu em tom de "lá vem merda".

-A vida é um barco...

Na época eu pensei que ele tinha bebido demais. Mas a vida é um barco mesmo.

Por mais historinha pronta que isso possa parecer as pessoas embarcam e desembarcam da sua vida o tempo todo, uns pegam carona, outros fazem uma longa viagem... umas vezes o mar está calmo, outras tem tempestade... uns afundam, outros fazem uma viagem gloriosa... uns têm coletes salva-vidas para os passageiros, outros os deixam morrer em caso de acidente... Uns têm o banheiro limpo com cheiro de jasmim, outros fedem... Enfim, metáfora é o que não falta.

Na verdade eu diria mais. A vida é uma arca de Noé. Aparece todo tipo de bicho e não falta pica-pau pra encher o teu navio de buraco.

Mas o que eu estava falando mesmo antes de começar a sessão de auto-ajuda?


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Acho que fui adotado pelos pais do meu amigo.

Eu sou um rapaz latino americano de 31 anos e sem lá grandes quantias em dinheiro no bolso (e nem no banco) que faz mestrado em algo que me deixa muito feliz.

Tenho desfrutado da companhia e do pão de cada dia desses meus amigos maravilhosos.

Começo a me sentir irritante.

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Mas enfim, a vida é um barco. E amanhã a Audrey Tautou vai entrar no meu barco e eu vou sustentá-la com peixes pescados pelo meu anzol e minha vara...

OK. Chega de metáforas.

terça-feira, 11 de março de 2008

Ativar modo nerd total

Aaaaah acabou.

Amanhã volto pra SP. E depois a USP vira minha segunda (ou terceira, quarta...) casa. Quinta-feira é o dia em que eu entro em modo nérdico máximo por causa do mestrado.

Portanto gostaria de alertar meus queridos amigos e familiares que eu falarei muito de coisas que parecem não ter sentido nenhum (mais do que de costume, acreditem) e apresentarei comportamentos estranhíssimos (bom... talvez um pouco mais estranhos...).

Tudo em nome da ciência.

No futuro serei um velho de cabelos brancos que usa suspensórios, dá aula em universidades e, eventualmente, vai ao campo fazer observações e coletar dados (apesar de ter inúmeros estágiários cheios de espinhas pra fazer isso).

Falarei saudosamente: "Senhor dos anéis! Isso é que foi filme, e não as porcarias de hoje", do mesmo jeito que alguns falam com tantas saudades do Ben-Hur e do Charles Heston.

Acabou a moleza!


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Uma amiga me falou que usar suspensórios é hype. Seja lá o que isso signifique.

Meu vô é hype. Aposto que ele iria gostar de saber.

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Apesar do comentário sobre o Senhor dos Anéis (não, Senhor dos Anéis não é filme pornô sobre sexo anal... em que diabos de mundo você vive??) eu sou apaixonado mesmo é pela Amelie Poulan, pela Lola (corra!) e pelas despedidas ao Lênin. E não pelo Saruman ou Gandalf. Apesar de serem senhores muito bem apessoados e talentosos.

Corra Luizinho, corra!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Regina


- Regina! Regina! Reginaaaaaa!

Regina é uma menina de 8 anos que estava com sua mãe, logo atrás de mim, na fila de uma loja popular de roupas. Ah! Regina é diabética.

- Eu tenho medo que alguém pegue ela e leve embora! Eu tenho medo que aí ela passe mal porque ela é diabética desde que nasceu! - Disse a mãe da Regina para uma velhinha compreensiva que estava atrás da mãe de Regina na fila.

- É! Mas agora com a célula tronco ela vai ficar boa! - Se enchia de esperança a velhinha.

- E eu tenho lá coragem de operar ela???

- Ah! Mas não opera não! Eles só colocam a célula tronco lá dentro!

- É! Ela está ruim do baço, né? Injeta a célula tronco lá dentro do baço! Vai ficar boa do baço, hein Regina?! - Se estabeleceu na conversa uma não tão velhinha que estava atrás da velhinha.

- Pâncreas. - Baixou a bola da não tão velhinha a velhinha.

- Ah é. Pâncreas.

- Regina! Reginaaaaa!

quinta-feira, 6 de março de 2008

O gato e a formulação de planos de vida

Ontem fui no supermercado pela manhã e quando voltei joguei minha camisa "vermelha cheguei" em cima da cama.

O gato Fred imediatamente subiu na cama e se colocou em cima da minha camisa e lá ficou... até mais ou menos meia-noite.

Eu não sei se os gatos aqui da casa aonde estou estão carentes porque os donos estão viajando, ou se eles realmente foram com a minha cara. Bom, eu gosto deles. Os bichos parecem gostar de dormir comigo (não, nada de pansexualismo... é só dormir mesmo) e se jogar nas minhas pernas em busca de um pouco de carinho (comentário antropomórfico... check!...).


Frederico em cima da minha camisa. Livro quase afogado ao lado.


Enfim, acho que vou adotar um filho e ter um gato quando eu for milionário e for entrevistado pelo Jô (que por sinal já tem 70 anos! É bom eu me apresar antes que o gorducho se aposente) enquanto tomo um drink colorido com um guarda-chuvinha dentro daquelas canecas.

Nada como virar um novo rico.

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Ontem caí na piscina de madrugada.

As pessoas, quando descobrem esse meu hábito, costumam falar: "O que?? De noite??"

Eu não entendo. O que é que tem? A noite as piscinas costumam continuar cheias de água.

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Aí eu boiei olhando pro céu pretinho da silva, sem uma estrela pra contar história! Estava com meus ouvidos debaixo d'água e não ouvi nada de nada a respeito do que acontecia na superfície.

E assim tive uma revelação!

"Tu deves morar em uma casa com piscina, uma de verdade e não aquelas de montar, no futuro. Essa é a minha vontade!"

Bom, foi Jesus que mandou.

Ou o capeta, estimulando minha preguiça, não sei bem..

Enfim, nada como ser um novo rico, parte 2.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Eeeeta vida! Até que tu é boa!

Nada mal.
Nos últimos dias intercalo retoques no meu projeto de mestrado e no pedido de auxílo à pesquisa com mergulhos no mar e na piscina, corridas e andadas na praia e idas ao cinema.

Não dá para escrever nada mais poético ou engraçado do que as coisas que tenho vivido agora. Minha ida para Paraty fracassou devido a uma dor de barriga de 3 dias mas minha estadia em Santos tem sido ótima.

Ontem ao correr na praia, com a água do mar batendo nas minhas pernas e com o vermelho do pôr do sol escorrendo pelas poucas nuvens que estavam no céu, eu fiquei com saudades dos macacos. Para os poucos que insistem em vir aqui que não sabem, eu trabalho com bandos de macacos selvagens. Sou estranho o suficiente para gostar de segui-los e ficar horas olhando o que eles fazem.

Bom, daqui a pouco vou fazer alguma coisa que eu ainda não sei o que é.

Até mais ver.

segunda-feira, 3 de março de 2008

O mr. Bean intelectual

Estou no final de um livro pelo qual eu desenvolvi um carinho grande. "Memórias de um primata", de Robert Sapolsky. O livro conta a vida de um neurocientista (o autor) na África, ao desenvolver estudos com babuínos. É uma leitura muito interessante e divertidíssima.

Pois bem, no fim de semana fui a Santos novamente e resolvi, em um belo dia ensolarado, ler as páginas finais do livro. Me preparei para me posicionar sobre uma bóia redonda que flutuava na piscina.

Minha habilidade para sentar na bóia (que, percebo agora, não era tão grande assim) não foi suficiente. Calculei mal e como fui sentar de costas para a piscina, o meu impulso foi um pouco além do necessário. Dei uma cambalhota patética para trás enquanto tentava segurar o livro o mais alto que dava.

-Aaaaaaaaaaah...!

Lá vou eu de óculos e livro pro fundo.

O livro passou a tarde se recuperando ao sol, mas nunca mais será o mesmo.
Minha cara de desapontamento ao emergir da piscina com o livro encharcado e com os óculos pendurados na ponta do nariz me valeram muitas gargalhadas do meu amigo e da namorada dele, que gentilmente disse:

-Luiz! Você parecia o mr. Bean!

domingo, 2 de março de 2008

Macumba, Voodoo e tudo mais...

Nos últimos dias meu lábio estourou em uma coisa bem asquerosa que soltava líquidos nojentos.

Nessa semana tive uma dor de barriga colossal que me deixou de molho uns três dias. Quando consegui que algo sólido saísse de mim eu comemorei com água e bolacha cream cracker (estava meio cansado de me alimentar de floratil e buscopan...).

Ontem perdi vergonhosamente dois jogos seguidos de “War”.

2007 não foi um ano ruim. Acho que 2008 será ótimo! Todo o meu azar ficou acumulado no começo do ano.

Logo, logo ganharei um prêmio Nobel e começarei um romance com a Audrey Tautou.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A classe média é importante

- A classe média é muito importante! É muito importante a classe média... Ninguém sobe pra classe média assim... porque o poder econômico da classe média é importante...

Hoje, voltando do cinema um cara com jeitão de yuppie veio falando isso no meio da rua. Aparentemente para algum amigo invisível.

- A classe média é muito importante. O poder econômico da classe média é importantíssimo... Você é da classe média? – O sujeito se dirigiu a mim.

- Bom... Eu a-acho que... ééé... depende...

- Depende? Você deve ser classe média. Você tem cara de classe média. Você deve se orgulhar! A classe média é muito importante.

-É... eu... eu não sei... eu sou pós-graduando... tô mais pra miserável... – Respondi meio inseguro.

- Pós-graduando? – O moço fez uma pausa para pensar e olhou de maneira enigmática para o amigo invisível como se buscasse a sua aprovação em alguma ligeira discussão

-Pós-graduando também é muito importante! Significa que você não morreu na graduação. Se você é pós-graduando significa que continua vivo depois da graduação.

Fiquei muito feliz e aliviado depois de ouvir o doido (a essa altura, depois de pensar muito, eu comecei a desconfiar que ele era maluco) me explicar aquelas coisas quando passei por um mendigo deitado ao lado de dois sacos, no meio da calçada.

-Esse não deve ser da classe média. Será que ele é importante? – Pensei eu agora com o meu amigo invisível. – Vai ver é pós-graduando!

E deixei de ficar tão contente assim.

Diabos! Preciso do doido pra me esclarecer mais algumas coisas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Passa o ponto logo!

Hoje fui na USP. No caminho, de dentro do ônibus, vi um bar muito interessante.

O estabelecimento se chamava Che, e o logotipo era a assinatura do homônimo famoso (o Guevara). Enfim, uma nítida homenagem de um admirador político ou de um jovem empresário precoce e rico que nem sabe direito quem foi o homenageado, mas que tem uma camisa do próprio e que sabe que muitos jovens na mesma condição têm camisas semelhantes (achei mais provável).

Acima do logotipo podia se ler em belas letras maiores do que o nome do bar: “HASTA LA VICTORIA SIEMPRE”, frase creditada ao foco da discussão aqui (ao Guevara, e não ao bar, que não pode falar).

Lembrei das notícias recentes referentes a Cuba e ao patético agasalho esportivo de Fidel Castro. Uma sombra bem deprimente do que essas coisas todas parecem ter representado um dia. Tudo bem diferente do clima do bar, moderno, aconchegante, bem cuidado e em uma ótima vizinhança.

Bom, abaixo de tudo isso, em uma faixa suja e esfarrapada, com letras vermelhas, encontrava-se:

“PASSO O PONTO!”.

E entendi tudo.

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A coisa mal escrita aí de cima me fez lembrar do “JESUS CRISTO É O SENHOR” que vem em letras maiores e mais chamativas do que o letreiro “Igreja Universal do Reino de Deus” nos templos desta instituição.

“Bom, a mensagem vem antes do que o indivíduo, é ela que importa e não a instituição ou as pessoas”, diria o filósofo socialista ou o pastor.

Mas pensando bem, risque essa baboseira e substitua por: “A propaganda é a alma do negócio”.

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Eu nunca vi tanta mulher grávida na minha vida. A cada esquina encontro duas ou três.

Há algumas hipóteses para isso:

- Há 8 ou 9 meses o universo entrou em uma conjunção e deixou todas as pessoas taradas por um breve período;

- Depois de ver o filme “Juno” de Diablo Cody, eu fiquei obcecado por mulheres grávidas e meus sentidos estão muito mais sensíveis à presença delas;

- À medida que meus planos de ser pai vão se afastando meus instintos cismam em me chamar de volta, me mostrando, lógica e inconscientemente, mulheres prenhes.

Faz sentido. Mas não tem a menor importância.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A anã e o robô

Em Santos novamente.

Cheguei ontem e fui comer com um casal de amigos em uma espécie de mercado/padaria/lugar aonde gente com os cabelos bem cortados e cheirosos vão comer brioches.
Sentamos na mesinha (na verdade sentamos nas cadeiras que estavam próximas à mesinha) e uma mãe (?) e suas duas filhinhas (?) sentaram na mesinha ao lado.
Uma das meninas parecia ter uns 8 anos e a outra uns cinco, a mãe era jovem, bonita e tinha dois brincos com brilhantes pendurados em orelhas acopladas em um rosto muito triste.

Enquanto uma garçonete nos atendia, outra prontamente foi anotar os pedidos da família. Surpreendentemente a mãe triste com brincos de brilhantes não abriu a boca. Quem abriu foi a menininha de 5 anos.

-Por gentileza, eu gostaria de um sanduíche em pão integral de forma com peito de peru light e salada. Você tem azeite?

-Sim. - Respondeu a garçonete sem demonstrar a menor surpresa, Como se aquela cena acontecesse todos os dias.

-É extra virgem?

-Sim.

-Ótimo! As laranjas estão boas hoje?

-Sim.

-Então eu gostaria de um suco, por favor. – E entregou o cardápio para a garçonete.

-Ah! E um suco de laranja e uma coxinha para a minha irmã.

-Sim. – Repetiu a garçonete sem nem se dirigir para a jovem mãe de cara triste e brinco de brilhantes.

Juro que imaginei aquela menina acordando de manhã no apartamento luxuoso de sua família (Santos agora tem um monte de prédios luxuosos com novos ricos dentro) e se dirigindo para a cozinha.

-Severina! Meu café, por favor! Preto! Aproveite e traga meu jornal!

-Sim, madame.

-Preciso sair para ir ao cabeleireiro e fazer as unhas. Minha mãe não deve acordar pelas próximas horas pois está entupida de Rivotrill...
-Sim, madame.

O tédio está me deixando sinistro e mau.

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Viajar! Isso! Essa semana vou arrumar minha mochila e vou para Paraty. Chegando lá eu vejo o que faço.
Como os meus planos para o tempo que antecede as disciplinas do mestrado mudaram radicalmente eu vou sair por aí caminhando contra o vento (Mas eu vou levar lenço e documento... além de umas cuecas e outras coisas).

Os ares de outro lugar vão despoluir minha mente.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Luizinho, o crítico musical

Eu ouvi uma coisa tão legal nos últimos dias.

Como bom nerd que sou, eu costumo gostar de coisas bastante bizarras. Caso contrário não tem tanta graça. Por isso a MTV é uma porcaria (radical xiita que cospe na MTV! Grrr!).

“Diablo Swing Orchestra” é o nome do meu achado nestes últimos dias de tédio e melancolia (vejam só, até criei um blog!).

Parece que há uma historinha (fontes não lá tão confiáveis) que diz que por volta de 1501 existia uma orquestra sensacional na Suécia. As apresentações não eram muito usuais (classificadas como muito sedutoras e com músicas tocadas com explícita "paixão" para as pessoas...) e o estilo de vida dos seus integrantes era menos usual ainda para a época. Isso desagradou a Igreja, que, mais tarde no século 16, perseguiu e condenou à morte os integrantes. A orquestra foi denominada como “A orquestra do demônio”.
Segundo a lenda, as famílias dos integrantes fizeram um pacto para que seus descendentes retornassem a tocar juntos anos depois. Esse pacto foi passado em forma de uma carta por gerações até que dois destes “herdeiros” se conheceram de alguma maneira na própria Suécia e ressuscitaram o grupo em 2003. Alega-se que as partituras das canções originais foram apreendidas e queimadas em 1503.

Essa história é bem pouco crível... mas é tão legalzinha (no sentido mais ingênuo e estúpido da palavra).

Enfim, a música, que é o que realmente interessa e é o que tem de mais legal nesse rolo todo. Parece que os membros embutiram em uma coisa só influências de ópera, flamenco, clássico, jazz e heavy metal.
Além dos instrumentos típicos de uma banda de rock, há um violoncelista e a cantora é uma soprano que aplica empostações operísticas em muitas partes das canções. Além disso surgem flautas, pianos, cravos e vários “eteceteras” na salada.

Eu recomendo pra quem é meio pirado: www.myspace.com/diabloswingorchestra


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Saúde é o que interessa parte II

-Ah! Não! Lá vem aquela roupa de ginástica vermelha e branca de novo!

-Luiz, fique na sua... não olhe, não comente...

“Oi! Bom dia!”

“Bom dia! Tudo bem?”

-Pronto, só bom dia!

“Veio malhar ontem?” - Ela pergunta logo ao começar o alongamento preliminar do outro dia! Não olhe! Não olhe!

Olhei.

“Sim, s-sim... eu vim” - Pisei em falso de novo e quase me esborracho. Parece deja vu de anteontem, mas tive que olhar para a senhoura ao responder.

Limpei a baba do canto da boca e saí da esteira. Vou fazer uma musculação qualquer.

Ela começa a falar sobre como a gravidez a fez ganhar peso, blá blá blá... E eu não tô vendo peso nenhum...

-Não olhe!

-Não olho! Mas ela começa a correr como no outro dia! Tarde demais!

-Os coelhos voltam a apostar corrida! Disputam cabeça a cabeça! Danados! Fiquem quietos por um minuto!!

-Deus! Se você existir jogue um raio em mim, agora! ...bom... um raio também não precisa, é exagero meu... manda um jato de água fria que é o suficiente.

Mantenho uma conversa altamente limitada e procuro olhá-la, quando preciso, apenas através do espelho, como se ela fosse algum tipo de medusa que me transformaria em uma estátua de pedra embasbacada à menor olhadela.

A tática falha ao demonstrar que dessa maneira ela na verdade são duas! Logo, quatro coelhos olímpicos saltitantes.

“Olha, hoje não está rendendo, vou parar por aqui! Até mais!” – Saio da sala de ginástica e vou fazer algumas dezenas de flexões no apartamento e tomar um banho de água fria.

É preciso concentração para cuidar da saúde. O meu horário de malhar não está nada bom.
Os coelhos causam muita distração.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

As raposas ninjas de hoje

"Vamos lá! Eu peguei quatro DVDs e estou vendo a luta do Naruto (?) contra a raposa!"

Foi isso que eu ouvi hoje de um menininho no portão da casa de outro menininho quando fui comprar o pão.
Na minha época (aaaah na minha época...) as raposas filosofavam com pequenos príncipes que vinham do espaço atracados em meteoritos.
Nessa época a raposa dizia que você é responsável por quem você cativa. Não era fácil. Não É fácil!

Hoje em dia as raposas saem na porrada com o Naruto.
O mundo está mais pragmático até para as raposas.