domingo, 27 de julho de 2008

Mais Portugal...

26-07-2008
Pela manhã conhecemos a propriedade da minha prima Romana e do seu marido Victor. Um lugar enorme com cavalos e cachorros. A propriedade foi comprada com uma casa beeeem antiga, que está sendo reformada antes deles irem definitivamente morar por lá.
A Romana (grávida de 3 meses) pareceu empolgada e divertida quando me disse que agora eu, minha mulher e meus filhos já tínhamos um lugar ótimo pra passar uns tempos, já que haverá uma casinha de hóspedes no local. Só me falta arranjar a esposa e os filhos, mas é bom saber dessas coisas de qualquer maneira.
Ainda conhecemos uma parte do rebanho leiteiro do Victor, com mais de 600 vacas (o que para um país pequeno como Portugal me parece bastante grande), e com maquinaria para tirar o leite. Muito bom, eles têm um bom plano de vida ao que me parece e torço pra que tudo dê certo.

Normalmente as pessoas me perguntam se já sou casado, já que tenho 32 anos...

-Ó Luizinho, então ano que vem vais ter 33, a idade de Cristo! Vais continuar solteiro como ele? – Disse a Beth (?), vizinha humilde da propriedade das minhas tias avós e que me conhece desde os meus 6 anos de idade.

-Solteiro talvez sim, só espero que não me crucifiquem como fizeram com ele! – Disse eu já um pouco cansado dessas cobranças.

Pela tarde fomos a Santa Maria da Feira, cidade com um castelo medieval muitíssimo bem conservado... reencontrei o buraco usado pelos habitantes do castelo (na época, e não agora, claro) para fazerem suas necessidades... o mesmo buraco que eu usei para fazer xixi há uns 27 anos, para horror das minhas tias e mãe. No final a história era contada como algo “bonitinho”. A sorte foi ninguém ter passado embaixo do buraco nesse tempo (o buraco fica bem no alto).

À noite botei minhas tias e minha mãe no Mercedão e fomos à praia do Furadouro novamente. Incrível como as pessoas vão as ruas e se divertem de uma maneira saudável... jovens, famílias inteiras, estrangeiros por toda parte... apresentações folclóricas animavam o local. O clima estava meio friozinho, muito, muito agradável. Havia gente pra todo lado.

Vou ficando por aqui... logo mais tenho que ir a um almoço de aniversário de minha prima Filipa (15 anos).

Até!

sábado, 26 de julho de 2008

Portugal

Bom, aqui começo a descrever pedaços da viagem que estou fazendo a Portugal... quase nunca terei tempo ou condições para Internet, então farei um resumão de tempos em tempos para quem quiser saber como estou...
Trouxe minha mãe para passear. Inicialmente outra pessoa deveria estar junto conosco, mas desde de fevereiro que tive que mudar os planos... é a vida... enfim, vamos lá...

21-07-2008
Acabei de chegar no aeroporto de Lisboa (6:05 aqui em Portugal), digito do terminal de conexão para o Porto e não sei quando vou publicar isso aqui já que a conexão Wi fi é paga.
A fila do passaporte até que não demorou, mas demoraria menos se eu não estivesse com uma baita dor de barriga. Corri para o banheiro mais próximo depois de passar pela polícia federal rezando para não encontrar ninguém no banheiro. Digo isso porque tenho problemas sérios com o cruzamento entre “defecar x banheiros públicos”, os sons e aromas que podem ser compartilhados com outras pessoas exalam (literalmente) algo primitivo, não pertencente ao nosso século.
Enfim, o banheiro estava vazio, e os sons emitidos por mim não foram bonitos. Porém, contrariando minhas previsões anteriores, quando abro a porta do lugar do vaso, um velhinho baixote, com a cara do José Saramago, estava parado no meio do sanitário, olhando para mim com uma expressão assustada.

- É... - disse eu – É o meu primeiro cocô em Portugal depois de 15 anos. Tive que caprichar. – Lavei as mãos e saí sem demora.

O velhinho continuou lá parado. Acho que estava empalhado.

~~

Vou fazer um apanhado do que aconteceu até agora, já que não tive oportunidade de tocar no computador. Leia se for meu amigo, família ou se tiver algum interesse em Portugal ou em mim (maníacos assassinos obsessivos sintam-se a vontade). Daqui a pouco saio para Coimbra, então tenho que correr, não esperem reflexões ou o típico sarcasmo, só descreverei o que tenho passado.

21-07-2008
Ao entrar no avião de Lisboa para o Porto minha mãe finalmente dormiu. O vôo atrasou devido às condições climáticas e, depois de meia hora de espera minha mãe acorda e pergunta: “Já chegamos?”. Ainda não tínhamos levantado vôo.
Minha mãe dispensa apresentações. Antes de a apresentarem a alguém ela já disse até o número do sapato, o nome da cachorra e já te deu uns 7 beijos.

Depois encontramos minhas queridíssimos tias-avós Adelaide e Ortélia e fomos almoçar em Espinho, uma cidade de praia, em um restaurante a beira mar muito bom (restaurante bom é o que não falta em Portugal), havia gente falando todas as línguas por todo lado e comemos “espadarte”, um peixe que estava bom pra caralh*. Ah! O vinho também foi um caso a parte... excelente. O lugar é muito agradável, não é a toa que uma vez ou outra sonho em vir morar em Portugal.

Aqui os carros param assim que alguém pisa na faixa de pedestres, no geral, com poucas exceções mal humoradas, as pessoas são impressionantemente simpáticas e educadas.

Depois passamos por Esmoriz, terra da minha avó. Outra cidade praiana. Após irmos dar uma olhada em algumas propriedades do meu avô demos uma volta na cidade, que tem um astral ótimo, uma boa praia, árvores (eucaliptos, acho eu). A parte das árvores é tão legal e grande que parece que a Branca de Neve vai sair correndo dali a qualquer instante com os sete anões atrás.
Fomos ao Palheiro Amarelo, uma escola de surf com idealismos ecológicos (estão a destruir partes da praia devido ao crescimento imobiliário do local) que foi a casa de veraneio dos meus antepassados. Palheiro é uma casa típica de praia em Portugal, toda de madeira e pintada com listras coloridas.

Finalmente chegamos a nossa querida Avanca, terra do meu avô. Avanca é a vila aonde temos uma casa. Nesse momento escrevo de uma cama que provavelmente tem mais de 100 anos. A casa não tem menos que isso também.
Matei minhas saudades percorrendo a casa em si, a adega, o milharal, o celeiro... estou tirando infinitas fotos de tudo e aos poucos coloco no orkut e algumas aqui.

22-07-2008
Pela manhã fui dar uma andada pela vila de Avanca. Estive aqui há 15 anos e o lugar cresceu muito. Há até prédios! A paisagem é linda. Parece um quadro!

Tenho a minha disposição um Mercedes antigão. Estou maravilhado! Adoro carro velho!

À tarde fomos a Aveiro. De novo praia. Visitamos os palheiros e o mercado de peixe. Depois fomos a um café a beira mar, o tempo estava agradável, com uma brisa muito gostosa.

23-07 e 24-07-2008
No dia 23 conhecemos muitos lugares típicos da cidade do Porto. Almoçamos a margem do rio D’Ouro no restaurante Chez lepin, de novo ótima comida (peixe) e vinho. Enfim, conhecemos bem muitas coisas interessantes que seria maçante se fossem escritas. Fomos e voltamos de Comboio (trem). Eficiente, limpo e super confortável. A estação de Avanca é muito bonita de uma maneira rústica, a do Porto é grande e com murais de azulejos portugueses. Também visitamos a antiga bolsa do Porto e igrejas centenárias. Fiquei de queixo caído com a beleza da cidade.

No dia 24 resolvi com minha mãe e tia Lai a nacionalidade portuguesa de minha mãe. Ainda passamos por Esmoriz novamente na volta à Avança. Novamente fomos ao Palheiro Amarelo só para tirar fotos de cada canto da casa.

25-07-2008
Dia de ir a Coimbra, a cidade-cultura (dizem aqui em Portugal que Lisboa diverte-se, Braga reza, Porto trabalha e Coimbra canta). De fato encontramos músicos no meio das ruas estreitas, cafés lindíssimos e com sei lá quantas centenas de anos e igrejas antigas pra cacete... Também conhecemos a Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa, com uma biblioteca que é algo espetacular, pena que em muitos lugares as fotos não são permitidas, mas de qualquer maneira tenho visto muitas coisas sensacionais.

Antes de ver tudo isso fomos a Conímbriga, povoado que existe desde antes de 1 a.c., e que foi ocupado posteriormente pelos romanos (a cidade é mais antiga do que Roma!!). Visitamos as ruínas e o museu de Conímbriga. Pra variar foi espetacular.

Nota triste: Detonei a lataria da parte lateral traseira do carro da minha tia (não o Mercedão, o Pegeout) quando tentava manobrar em uma ruela estreitíssima de Coimbra.

Tenho bebido vinhos excelentes todos os dias. O que literalmente me alegra muito. O que eu realmente precisava nos últimos tempos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Jura?

- 88? Jura? Não parece! É porque a senhora tem a pele negra! Pele negra fica mais conservada! - Arriscou a moça da loja de conveniência do posto de gasolina ao falar com uma senhorinha - Eu tenho 41! Acredita? Nem parece, né? Mas isso é porque eu choro muito!

- E chora porque, minha filha?

- Porque os meus namorados me abandonam.

Ouvi a conversa toda atrás de uma coxinha e de um suco de laranja (é... velhos hábitos die hard), sem saber que chorar tinha alguma relação com ficar jovem. Achei que a possibilidade de acontecer o contrário seria mais plausível.

- 32? Jura?

sábado, 12 de julho de 2008

Oh man!

Da última vez que estive no Piauí, com alguns pesquisadores gringos, eu observei não só os macacos. Observei as pessoas, que são enormemente conceituadas no meio, diga-se de passagem, e ponderei sobre o meu futuro.

-Look at that bipedal run!!!! – Disse uma das doutoras, de quem eu passei a minha vida acadêmica lendo os artigos e a idolatrando, quando um macaco passou correndo em bipedalismo (algo não muito comum entre primatas do novo mundo).

Veja bem, eu continuo achando a mulher o máximo. E de uma certa forma acho que vou acabar exclamando coisas como “Wow! Take a look at that inversed bipedal posture! Amazing!” enquanto tenho algo parecido com um orgasmo intelectual.

Porém, não gostaria de criar 13 gatos no meu apartamento solitário. Não que a tal doutora crie, mas frases como “What a wonderful climbing positional behavior in foraging ativities, man!” me remeteu à criação de 13 gatos em um apartamento.

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Pelo menos uma das doutoras peidou na minha frente enquanto eu rolava de rir no chão do cerrado (li-te-ral-men-te), no meio do nada, após uma pausa dramática para considerar se eu realmente deveria me render às gargalhadas.

Isso me aproximou da humanidade e me distanciou dos gatos por enquanto.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Não. Pedófilos onanistas não!

Acredite se quiser, eu ouvi a música do créu por mais de 5 segundos pela primeira vez hoje. Ouvi e vi. A bunda da mulher parecia uma gelatina no liquidificador. O mais incrível foi a menininha de 12 anos dançando feliz da vida. Menininhas com menos de 12 anos já dançavam em cima da boca da garrafa em tempos outros.

Pedófilos onanistas agradecem a você que compra os CDs e vai aos shows.

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Por falar em crianças e comportamentos anormais que ficam cada vez mais normais a cada dia que passa, “Precisamos falar sobre o Kevin”, de Lionel Shriver, é um livro bem legal, apesar de ser a coisa fictícia mais triste e assustadora que eu já li na vida. Não se jogue da janela se ler.

Ou se jogue, afinal eu não tenho nada a ver com isso.

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OK. Vou adotar um filho assim que terminar o mestrado. É sério. Afinal de contas tenho certeza de que me tornarei multimilionário em breve.

Estou louco para ensinar ao meu pequeno Luizinho Júnior todas as coisas que eu não sei.

Espero que ele não seja homicida, suicida, dançarino do créu e nem um pedófilo onanista quando crescer. (embora a parte do onanista seja aceitável durante a adolescência).

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Os dinoZauros fazem xixi

Bom dia. Meu nome é Luizinho e eu não uso mp3 desde sábado.

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Tenho olhado para meus livros. Não se como vou levá-los agora que vou morar definitivamente em São Paulo.

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Ontem cortei o cabelo. Ou melhor, a Sônia cortou.
A Sônia é a cabeleireira que cuida dos cabelos da minha família há anos. Porém, só ontem descobri a magia das fofocas daquele ambiente.

Vejamos, não sei bem por onde começar.

-Aaaaai... já experimentei creme de bláblá*, creme de bléblé*, creme de blibli* e a minha pele nunca se dá muito bem com esses produtos – confessou uma velha médica que estava gemendo toda vez que a manicure cutucava o seu pé.

-E é, éééé? - Perguntou a Sônia, que estava cortando o meu cabelo.

-É. Da próxima vez vou pedir um creme de xixi de dinozauro – Sim, a palavra foi dinoZauro. Suponho que ela se referia a dinossauro.

-Aaaaai! Xixi de dinozauro! Que seboseira! – Se indignou a manicure.

-Essa é boa! Xixi de dinozauro! Credo! – Disse a Sônia olhando para minha cara.

-É... hehehe, eca! Dinozauro... – Disse eu tentando ser solidário.

-Com licença, as senhoras teriam um cafezinho? - O motorista da médica do xixi de dinozauro apareceu.

-Ah! Claro, meu senhor! – A outra manicure se manifestou.

-E não terias umas bolachinhas também?

-Aaaaaah hahahaha! – Riu a manicure. Não sei bem porque – Conseguiu estacionar o carro no estacionamento que eu falei? Esse daqui é muito caro!

-Consegui sim! Não é um estacionamento de primeira, né? Mas é um dos melhores dos de segunda!

Bom, não quero aborrecer quem estiver lendo isso aqui. Mas a conversa não parava até que eu fui embora.

As pessoas são tão interessantes. Dá vontade de nunca intervir e só ficar olhando pra elas.

Como eu faço com os meus macacos.

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* Palavras que eu sinceramente não consigo me lembrar.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Todo poderoso

Estou em Recife. Anteanteanteanteanteontem fui a missa de sétimo dia de uma parente.

Sou quase capaz de jurar que o padre sugeriu que o euro era uma coisa relacionada com as trevas. Eu posso estar enganado, não estava realmente prestando atenção. Foi logo antes dele dizer que o amor ágape era algo... bom... que o amor ágape era algo de deus.

Enfim, tenho aprendido mais sobre mim mesmo. Descobri que sei lidar com autoridades sem questioná-las muito. Afinal, fui católico um dia. Em um tempo remoto.

Na verdade eu não questionava muito as autoridades dos assuntos relacionados a deus e seus subordinados do alto escalão, mas colei na prova de catequese quando eu tinha uns poucos anos de idade. Acertei todos os mandamentos e tirei dez na prova. Hoje eu ainda lembro que tinha o “amar deus sobre todas as coisas”, “não matarás”, “não cobiçar a mulher do próximo”... acho que tinha também alguma coisa sobre “colocar as meias sujas no cesto de roupa suja”, mas não estou bem certo.

É engraçado, mas apesar de ter ficado orgulhoso do meu feito (não sei se fiquei orgulhoso por ter tirado 10 ou por ter colado na prova da catequese, o que me proporcionaria, se houvesse justiça nesse mundo divino, um 10 na escola do capeta, e não na catequese dentro da igreja), eu continuava com uma compulsão por matar insetos (matei muitas baratas na minha vida, hoje eu evito, tenho pena das pobres), por amar meus pais acima de deus (se deus fosse mesmo um indivíduo eu sinto muito, mas as pessoas que me davam beijo de boa noite antes de eu dormir vinham em primeiro lugar) e por cobiçar muitas mulheres dos próximos (e, considerando a fase pré-púbere na qual me encontrava, colocá-las dentro da minha cabeça nas minhas primeiras experiências sexuais solitárias). É, eu era um pecador e iria pro inferno com certeza.

Acho que no fim das contas eu questionava as autoridades de uma maneira muito mais peculiar do que somente falando. Eu era um terrorista espiritual. Eu era como aqueles caras que vestem um colete cheio de dinamite e vão pra porta de uma escola de padres sorrindo candidamente. Eu explodia as criancinhas enquanto comprava um churros ou um sorvete de Jesus pra elas. Eu era um cavalo de Tróia que trazia má influência disfarçada em um sorriso confiável para dentro dos muros sagrados. Eu era uma farsa. Eu era o Hugo Chavez da catequese.

Enfim, hoje, adulto, eu não acho que vou mais para o inferno. Eu vou é pra debaixo da terra e depois vou virar um pedaço de grama, um órgão de um verme, a asa de um passarinho, o dente de um rato, uma flor, uma gota d’água, um grão de areia, a unha do dedo mindinho do teu neto. Eu vou ser onipotente e onipresente.