segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ai, manhê!

Um escorpião subiu no meu braço. Foi no banheiro da casinha do projeto, lá na escuridão total do meio do mato do Piauí.

Escorpiões fazem um barulho terrível quando estão estressados. Achei que eles não faziam barulho nenhum.

Quando eu me agitei e pulei depois de descobrir a pessoa do escorpião em cima de mim eu imediatamente empunhei um pé das minhas havaianas pretas com uma bandeirinha do Brasil e, de uma forma bem ridícula, dei umas trezentas chineladas no bicho depois que ele caiu no chão.

Escorpiões não morrem como baratas, além de fazerem barulhos horrendos, têm uma carapaça dura.

-HÁ! – Disse eu depois da primeira chinelada. Se regredisse um pouco mais eu o teria comido.

Passei metade da noite analisando se não tinha levado uma esporada.

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Outro dia eu fui para a casa da Maria jantar. A Maria é a senhora que cozinha e arruma as coisas na base do projeto Ethocebus.

A família toda tinha ido andar alguns quilômetros na noite do meio do mato para ir à casa da vizinha (Mãe Du), que tem uma televisão alimentada por um gerador a diesel. A TV e o gerador são ligados na hora da novela (A favorita).

Então, ali, sozinho, à luz das candeias, dentro de uma casa extremamente humilde construída com tijolos feitos pela família, eu abri minha cabeça.

Literalmente.

As portas são muito baixas e eu enfiei a cabeça no batente. Sangrou e eu fiquei tonto. Mas sobrevivi.

Lavei o corte, passei uma pomada cicatrizante e antibacteriana e fui dormir.

-Parece corte de facão. – Me animou o Marcinho no dia seguinte.

Acho que algumas idéias me fugiram da cabeça.

Outras ficaram cortadas pela metade.