terça-feira, 29 de janeiro de 2013

No bar do cais




Tenho um amigo chamado Jim. Chame-o direito. “Djimm”, articulando bem o “M”.

-Jim não é um apelido em português, você sabe. – Ele me avisa. Não me informa. Avisa.

-Eu sei, Jim. Me desculpe. Toda vez que eu falo palavras inglesas as pessoas acham que eu sou metido a besta.

-Elas têm razão. Mas não por você falar certo. Você é um idiota por muitas outras razões.

-Tenho consciência disso, Jim.

Jim é uma Drag Queen de 2,03 metros de altura, negra e musculosa, que acha que todas as pessoas no mundo querem o seu corpo.

-Eu sei que você quer me comer, Biondi, mas infelizmente, infelizmente PARA VOCÊ, isso não vai acontecer.

Prefiro não dizer nada. Não adiantaria negar. Jim sempre acha que tem razão, mesmo quando o que ele diz não faz o menor sentido.

-Vou pegar uma cerveja, você quer uma?

-Eu não vou te dar.

-Pelo amor do bom deus, Jim, eu sou apenas seu amigo e perguntei se você quer uma cerveja!

-Escuta aqui, Biondi, eu não sou seu amigo, mas ouça-me pelo menos uma vez nessa vida! Essa sua delicadeza, essa prestatividade exagerada e sensibilidade não vão te levar a lugar nenhum. Você é só um paulista branquelo metido a besta. Você é uma boa pessoa. Mas é um idiota.

-A vida anda dura, Jim.

-É por isso que eu gosto dela, Biondi.

E então fui conversar com a loirinha com saia rosa e relógio dourado na mesa do canto.

Um comentário:

Gabi disse...

Adoro suas histórias! E pelo menos a conversa com a loirinha rendeu?